Amazônia: Centro do Mundo

Amazônia: Centro do Mundo

Voltamos às nossas raízes: a bacia do rio XinguO evento “Amazônia: Centro do Mundo” aconteceu em Altamira (PA), nos dias 17, 18 e 19 de novembro. Esse encontro histórico que reuniu líderes indígenas, quilombolas e ribeirinhos, ativistas climáticos internacionais, cientistas do clima e da Terra e alguns dos melhores pensadores do BrasilAli, Uma Gota no Oceano participou de conversas sobre a crise climática, as grandes obras de infraestrutura, as queimadas ilegais e o avanço do desmatamento. Demos continuidade, assim, à missão de levar informação consistente, independente e atraente para que cada pessoa possa exercer sua cidadania. 

Ouvimos atentamente as palavras de sabedoria do líder caiapó Raoni Metuktire e da fundadora do movimento Xingu Vivo, Antônia Melo. Os relatos confirmam o que já avisávamos em 2001: a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte impactou a vida humana e a natureza da região. Segundo a própria Norte Energia, “3.850 famílias foram reassentadas para a implementação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”. Os ribeirinhos foram tirados de suas casas e transferidos para reassentamentos, novos bairros periféricos em Altamira, onde há altos índices de violência e pobreza. 

Apesar dos desafios, nos animamos em conhecer novos amigos da causa. Jovens ativistas dos movimentos europeus Fridays for Future e Extinction Rebelion estavam lá para contar sobre como mobilizam a juventude do outro lado do oceano. Mas o principal foco da viagem deles não era falar, e sim ouvir: eles foram até a Amazônia para conhecer a realidade dos povos da floresta e se encantaram ao conversar com Raoni. Foi a união perfeita entre a força da juventude e a sabedoria ancestral, uma combinação que com certeza nos leva em direção a um mundo melhor. 

#ÉaGotaDágua #XinguVivo #Xingu #BeloMonte #CadaGotaConta #UmaGotaNoOceano #MudançasClimáticas #ClimateChange #MelhoraEsseClima #MexeuComÍndioMexeuComClima#FridaysForFuture #FridaysForFutureBrasil #ActOnClimate

 

Fafá de Belém deixa sua mensagem para o encontro Amazônia No Centro Do Mundo

Fafá de Belém deixa sua mensagem para o encontro Amazônia No Centro Do Mundo

Está acontecendo em Altamira, no Pará, o evento “Amazônia Centro do Mundo”. Nele, lideranças indígenas, ambientalistas, ativistas e cientistas estão reunidos em defesa da Floresta Amazônica e dos seus povos.

O ciclo de debates e palestras que se realiza até amanhã (19/11) é uma espécie de mini-conferência climática. E a maior floresta tropical do mundo é uma barreira natural contra as mudanças no clima.

A cantora Fafá de Belém esteve presente no primeiro dia do encontro e deixou sua mensagem de motivação e esperança. A união é o caminho para salvar nossa floresta!

 

De volta a Altamira: a realidade depois de Belo Monte

De volta a Altamira: a realidade depois de Belo Monte

O ano era 2011, carros de som passavam pelas ruas de Altamira fazendo ecoar: “Belo Monte está chegando, cidadão altamirense. Você é contra ou a favor?” Desde então, mais de cem mil pessoas passaram por lá, saindo de vários cantos do país em busca de empregos ligados à construção da usina hidrelétrica. A população aumentou, o índice de empregados caiu e a criminalidade disparou. O que antes era uma pacata cidade do interior do Pará hoje é o segundo município mais violento do país.

Também foi em 2011 que uma campanha fez com que artistas falassem o que até então cientistas, povos tradicionais e ativistas repetiam exaustivamente: a construção de Belo Monte custaria bilhões aos bolsos dos brasileiros e o plano governamental de criar dezenas de hidrelétricas na Amazônia traria danos socioambientais irrecuperáveis. O vídeo “É a Gota D’Água” viralizou, levando a toda a população brasileira aquela pergunta que ecoava em Altamira. Em 10 dias, um milhão de assinaturas foram recolhidas. Ao final da campanha, já eram 2,5 milhões. E da interlocução entre os diferentes grupos envolvidos na gravação nasceu o Movimento Gota D’Água, que deu origem a Uma Gota no Oceano.

Oito anos (de muito trabalho) depois, Altamira recebe o evento “Amazônia: Centro do Mundo”. A reunião promove conversas sobre a crise climática, as grandes obras de infraestrutura, as queimadas ilegais e o avanço do desmatamento. Uma Gota no Oceano participa deste evento, dando continuidade à missão de levar informação consistente, independente e atraente para que cada pessoa possa exercer sua cidadania. Agora que a obra está feita, voltamos a uma pergunta: valeu a pena?

É preciso uma pausa aqui para deixar claro: o histórico de críticas à construção de Belo Monte é muito maior que estes oito anos. O projeto da usina nasce em 1975, em pleno regime de ditadura militar, e desde então os povos indígenas da região se opõem à construção. Em 1989, um ano após a assinatura da Constituição, divergências sobre o impacto socioambiental levam ao corte do financiamento da obra. Em 1994, o governo federal faz uma revisão: tenta manter a obra, mas diminuir a área inundada e garantir que terras indígenas não fossem afetadas. Sendo impossível atender à demanda, o projeto volta à gaveta. Oito anos depois, em 2002, novos levantamentos são feitos, mas o Ministério Público paralisa o processo em um movimento apoiado pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

É em julho de 2008 que começa a escalada pela concretização do projeto da usina: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) define Belo Monte como o único potencial hidrelétrico a ser explorado no Rio Xingu. E em abril de 2010 é realizado o leilão que escolheu o consórcio Norte Energia como encarregado pela construção de Belo Monte. E o plano não parava por aí, como alertou o ator Malvino Salvador em “É a Gota D’Água”: “Esta é a primeira de dezenas de hidrelétricas que o governo pretende construir na Amazônia”.

O resultado pode ser visto em Altamira. A cidade viu dobrar os índices de roubos, furtos, acidentes de trânsito e episódios de violência doméstica e vivenciou um aumento de 150% no índice de homicídios na última década. Mas tem um índice que permanece baixo: segundo o IBGE, apenas 17% dos cidadãos altamirenses têm emprego. Não à toa, além das compensações ambientais, a Norte Energia se comprometeu a investir R$ 125 milhões na segurança pública da região, dinheiro que deveria ser investido em equipamentos, reformas, veículos, câmeras e uma unidade prisional. O Complexo Penitenciário de Vitória do Xingu deveria ter ficado pronto em 2015, sua inauguração foi no início deste mês.

Segundo a própria Norte Energia, “3.850 famílias foram reassentadas para a implementação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”. Os ribeirinhos foram tirados de suas casas e transferidos para reassentamentos, novos bairros periféricos em Altamira, onde há altos índices de violência e pobreza. Em entrevista ao programa Profissão Repórter veiculada na semana passada, irmã Inês Wenzel, fundadora do movimento Xingu Vivo, resume a história “jogaram centenas e centenas de famílias aqui, abandonadas do centro, longe dos trabalhos, longe das escolas”.

Oito anos (e muitas confirmações) depois, o plano de expansão das hidrelétricas pela Amazônia é o mesmo de antes, mas Altamira já não é mais a mesma e o Brasil também não é aquele de 2011. Por sorte, também o grupo de pessoas que se reúne esta semana não é mais aquele que se reuniu em frente a uma câmera. Hoje somos mais numerosos que antes. Novos rostos são vistos por aqui entre os já conhecidos protetores do Xingu. E temos a certeza de que muitos outros ainda estão por chegar.

#ÉaGotaDágua #XinguVivo #Xingu #BeloMonte #CadaGotaConta #UmaGotaNoOceano

Leia mais: 

Programação do evento “Amazônia: Centro do Mundo”

Cronologia de Belo Monte – Norte Energia

Estudos para construção de Belo Monte começaram na década de 70 – Agência Senado

Bolsonaro retoma plano de erguer grandes hidrelétricas na Amazônia

Com massacre em presídio e desemprego, Altamira (PA) é o 2° município mais violento do Brasil – Profissão Repórter, 13 de novembro de 2019

Usina de Belo Monte causa impactos ambientais e sociais em Altamira (PA) – Profissão Repórter, 20 de julho de 2016

Altamira ganhou mais de 30 mil habitantes em dez anos – Profissão Repórter, 20 de novembro de 2012 

Belo Monte forjou o massacre de Altamira: Novo presídio nuca entregue era obrigação da Norte Energia – The Intercept Brasil

Belo Monte põe em risco peixes raros do rio Xingu – Estadão

Turbinas de Belo Monte devem ser paralisadas após a morte de uma tonelada de peixes no PA

Belo Monte instala grades em turbinas para evitar morte de peixes

 

Antonia Melo, guardiã do Xingu

Antonia Melo, guardiã do Xingu

Antonia Melo da Silva é uma força da natureza. A ativista ambiental perdeu sua casa em Altamira (PA) para a Hidrelétrica de Belo Monte e se tornou uma das mais poderosas vozes em defesa do Rio Xingu. Esta força ganhou hoje reconhecimento internacional, em Nova York (EUA), quando ela recebeu o Prêmio Fundação Alexander Soros para o Ativismo Ambiental e de Direitos Humanos. Ela é a sexta pessoa a merecê-lo.

Mãe de cinco filhos, Antonia fundou há 20 anos o Movimento Xingu Vivo para Sempre. O coletivo lutou contra a construção de Belo Monte e hoje luta não só por suas causas, como pela Amazônia. Antonia hoje é uma guardiã da floresta.

Um vídeo de Todd Southgate.

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