Uma em cada duas cidades do Nordeste está em estado de emergência por causa da seca que a região já enfrenta há cinco anos.
O maior reservatório de água da região, Sobradinho, está com 7,1% de sua capacidade.
A atual é a pior seca nos últimos 100 anos, e afeta quase 100% do território nordestino.
Para além dos caminhões-pipa, um combate efetivo ao desmatamento e uma melhor governança dos rios na região dariam um alívio a essa situação calamitosa.
Gasta-se luz que é uma beleza no Brasil. Quando o que está em jogo é a eficiência energética, estamos quase na lanterna: ficamos em 22º lugar na lista de 23 países que mais desperdiçam eletricidade, segundo o Conselho Americano para uma Economia Energeticamente Eficiente (ACEEE).
Mas há uma luz no fim do túnel: o Banco Mundial, em parceria com a Caixa, vai investir, nos próximos 15 anos, em tecnologias mais eficientes nas áreas de indústria e iluminação pública urbana. A ideia é reduzir o consumo e as emissões de gases do efeito estufa nas grandes cidades. O país está numa corrida contra o tempo para cumprir as metas do Acordo de Paris e a eficiência energética é o melhor atalho.
Precisamos formar uma barragem humana; muita lama pode correr por nossos rios se a gente não se unir para protegê-los. Nas últimas semanas, notícias estarrecedoras chegaram de Barcarena e do Rio Doce, mostrando que, junto com a cobiça, o descaso é o grande inimigo do meio ambiente. No início deste mês, o jornal inglês The Guardian fez uma grave denúncia contra a Vale/Samarco/BHP: o consórcio sabia exatamente o tamanho dos riscos que envolviam o rompimento da Barragem do Fundão.
Segundo a publicação, documentos internos de empresa calculavam, por exemplo, que poderia haver 20 mortes em caso de acidente – e, além do Rio Doce, 19 pessoas morreram. Mais de dois anos depois, ninguém ainda foi condenado, as 375 famílias afetadas continuam sem receber suas indenizações e sem casa para morar. Em Barra Longa, município de 5.720 habitantes da região, um estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade detectou altos níveis de níquel e de arsênio no organismo de 11 moradores. O consórcio também vem se especializando também em fazer emendas piores do que os sonetos: suas obras de contenção para impedir que a lama do Rio Doce contaminasse rios do Espírito Santo fizeram a Lagoa Juparanã transbordar, inundando as cidades capixabas de Sooretama e Linhares.
Não foi acidente: a Norsk Hydro, dona da Alunorte, admitiu que fez despejos ilegais de dejetos (poeira de bauxita e soda) no mês passado. A empresa norueguesa também admitiu a existência de rachaduras na tubulação que leva efluentes à estação de tratamento e o Ministério Público Federal divulgou que foi encontrado um novo canal irregular de despejo de minério. As agressões da Norsk Hydro ao Rio Pará e arredores leva a gente a pensar que nada acontece somente por acidente em Barcarena. Desde que um polo industrial se instalou no município paraense, acidentes ambientais são corriqueiros: foram registradas 17 ocorrências de 2000 a 2015.
Enquanto isso, Belo Monte continua gerando problemas, em vez de eletricidade. Não bastasse a sujeira da corrupção que veio à tona na semana passada, quando o consórcio Eletronorte, os partidos PT e PMDB e o ex-ministro Delfim Netto entraram na mira da operação Lava-Jato, o Ibama pediu a suspensão de testes na usina. Cada vez que suas turbinas são acionadas, há mortandade de peixes, inclusive em período de desova.
E em Santo Antônio do Grama, na Região da Zona da Mata de Minas Gerais, um duto da Anglo American se rompeu e despejou minério no manancial que abastece a cidade e desemboca no Ribeirão Santo Antônio. O município está sem água desde segunda-feira. Foram 300 toneladas polpa de minério de ferro e o vazamento durou 25 minutos. A mineradora de origem sul-africana, com sede em Londres, ainda planeja construir em Conceição do Mato Dentro uma barragem quatro vezes maior do que a de Fundão.
Este mês, tem Fórum Mundial da Água em Brasília. É a primeira vez que o evento se realiza num país do Hemisfério Sul. Simultaneamente, acontece. na mesma cidade, o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama). A crise hídrica bate à porta e o Brasil vai estar no centro dos debates. Uma boa oportunidade para debatermos em nome de que estamos pondo nossos mananciais em risco desse jeito. Uma Gota no Oceano e entidades parceiras estão lançando, junto com o diretor Luiz Fernando Carvalho, a campanha Em Nome de Quê? pensando nisso. No dia 19 tem lançamento em São Paulo.
Estamos indo longe demais: pesquisadores brasileiros e franceses encontraram contaminação de metais pesados, cádmio e mercúrio, em moluscos e crustáceos no arquipélago de Kerguelen, um dos lugares mais isolados do planeta.
Kerguelen é formado por 300 ilhas e fica no sul do oceano Índico, a meio caminho entre a África e a Austrália, a 4 mil quilômetros ao sul da Índia e 2 mil quilômetros ao norte da Antártica. Estamos poluindo até o fim do mundo.