Há 10 anos um grupo de artistas, comunicadores, ativistas e cientistas convidou a população a desafinar o coro dos contentes e botar a boca no trombone por causa de Belo Monte. Nascia ali o Movimento Gota D’Água, que daria origem à Uma Gota no Oceano. Nossas vozes se juntaram às dos povos do Xingu, que há décadas lutavam para impedir a construção da usina, e o resultado desse clamor foram 2,5 milhões de assinaturas, arrecadadas em menos de dois meses. Já ouviram o som da pororoca? O ruído que vem de longe, levando tudo pelo caminho, e desagua num estrondo. Foi assim.
O resto é História, e ela provou que estávamos certos. A hidrelétrica custou mais do que o dobro do orçamento previsto e produz menos da metade da eletricidade apregoada; a crise energética que ela impediria de acontecer chegou com todo gás; e o Rio Xingu, um dos mais importantes da Bacia Amazônica, respira por aparelhos. Belo Monte só não parou de gerar denúncias de corrupção e problemas para o meio ambiente e para os moradores locais – o vídeo que acompanha este texto traz informações atualizadas. É um elefante branco no meio da maior floresta tropical do mundo.
Mas o que fazer com o monstrengo? “Sou partidário da ideia de transformar Belo Monte no Parque Nacional das Ruínas de Belo Monte, porque ela não tem absolutamente nenhuma utilidade”, sugeriu Tasso Azevedo, um dos criadores do projeto MapBiomas, no encontro que marcou os 10 anos do Movimento Gota D’Água. Foi uma oportunidade para membros fundadores e novos amigos da causa cruzarem visões, olhos nos olhos.
Continuamos de olho no Xingu, porque uma década se passou e a lição ainda não foi aprendida – basta ver o que está acontecendo em Minas Gerais, que não é obra apenas da Mãe Natureza. Por isso, os pecados de Belo Monte devem ser sempre lembrados por nós. Cada gota conta; e um monte de gotas gritando juntas vira pororoca.
9 \09\America/Sao_Paulo março \09\America/Sao_Paulo 2020 | Mudanças Climáticas
Já parou para pensar que quem se manifesta contra a democracia está se manifestando contra o direito de se manifestar?
Que quem admite a tortura admite ser torturado?
Que ninguém é imune à injustiça ou à prova de bala perdida?
A democracia existe para defender as minorias, não para fazer prevalecer a vontade da maioria – até porque, se a gente parar para pensar, vai chegar à conclusão de que todo mundo pertence a uma minoria. Hoje cassam o direito de alguém que você discorda; amanhã podem cassar o seu. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada, principalmente, para defender o cidadão dos desmandos do Estado. Um dos direitos assegurados por ela é o direito à segurança. Você está disposto a abrir mão deste direito também?
Democracia também pressupõe diversidade de opiniões e de fontes de informação. Regimes totalitários sempre impuseram sua própria versão dos fatos: os nazistas tinham o “Völkischer Beobachter” e os mandachuvas da União Soviética, o “Pravda”. Vamos nos tornar reféns voluntários das redes sociais oficiais das autoridades e de seus aplicativos de mensagens?
Sem democracia também não há defesa do meio ambiente e dos direitos humanos. Que mundo deixaremos para nossos filhos e netos? Em nome de que abrir mão do direito de lutar pelo que acreditamos ser o certo? Somos todos gotas no oceano. Não só fazemos parte do mundo em que vivemos, como também ajudamos a construí-lo. Quando decidimos nos empenhar na luta contra a construção da Usina de Belo Monte, pensamos não só no impacto que traria às populações locais, mas à floresta como um todo, ao nosso país e mesmo ao planeta. Quando defendemos o direito dos povos da floresta a preservá-la, estamos ajudando a preservar nossas próprias vidas. Defender a democracia é defender a nossa sobrevivência.
15 \15\America/Sao_Paulo outubro \15\America/Sao_Paulo 2017 | Uncategorized
Antonia Melo da Silva é uma força da natureza. A ativista ambiental perdeu sua casa em Altamira (PA) para a Hidrelétrica de Belo Monte e se tornou uma das mais poderosas vozes em defesa do Rio Xingu. Esta força ganhou hoje reconhecimento internacional, em Nova York (EUA), quando ela recebeu o Prêmio Fundação Alexander Soros para o Ativismo Ambiental e de Direitos Humanos. Ela é a sexta pessoa a merecê-lo.
Mãe de cinco filhos, Antonia fundou há 20 anos o Movimento Xingu Vivo para Sempre. O coletivo lutou contra a construção de Belo Monte e hoje luta não só por suas causas, como pela Amazônia. Antonia hoje é uma guardiã da floresta.
8 \08\America/Sao_Paulo maio \08\America/Sao_Paulo 2017 | Direitos indígenas
O primeiro encontro entre portugueses e indígenas brasileiros foi pacífico, teve dança e missa campal. Isso aconteceu porque havia respeito entre eles. Respeito é a palavra-chave. Quem não quer ser respeitado? Mais do que terras, é isso que os povos indígenas do Brasil pedem. Como qualquer cidadão, o índio quer ser ouvido antes que se tomem decisões que afetem a sua vida. Respeito é bom, e quem não gosta?
Este vídeo foi rodado pelo documentarista canadense Todd Southgate durante o Carnaval de 2017, no Rio de Janeiro. Os povos indígenas foram homenageados pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense com o enredo “Xingu – O clamor que vem da floresta”.
8 \08\America/Sao_Paulo maio \08\America/Sao_Paulo 2017 | Direitos indígenas
O primeiro encontro entre portugueses e indígenas brasileiros foi pacífico, teve dança e missa campal. Isso aconteceu porque havia respeito entre eles. Respeito é a palavra-chave. Quem não quer ser respeitado? Mais do que terras, é isso que os povos indígenas do Brasil pedem. Como qualquer cidadão, o índio quer ser ouvido antes que se tomem decisões que afetem a sua vida. Respeito é bom, e quem não gosta?
Este vídeo foi rodado pelo documentarista canadense Todd Southgate durante o Carnaval de 2017, no Rio de Janeiro. Os povos indígenas foram homenageados pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense com o enredo “Xingu – O clamor que vem da floresta”.