Máquina ruralista é movida a PLs

Máquina ruralista é movida a PLs

A máquina ruralista é movida a Projetos de Lei. Com a potência de 25 PLs, ela avança vorazmente sobre as terras indígenas e quilombolas. São 25 ameaças tramitando no Congresso. E não são apenas os povos tradicionais que têm a perder com o seu avanço: a continuar neste ritmo, o desflorestamento pode aumentar em até 90% as emissões de carbono na Amazônia nos próximos 50 anos. Não à toa, relatores da ONU criticaram as propostas ambientais de nossos parlamentares em carta confidencial: “Ela reduziria de forma substancial as proteções em vigor para povos indígenas, pessoas de descendência africana e o meio ambiente”, escreveram John Knox, Michel Forst e Victoria Lucia Tauli-Corpuz.

Muitos desses textos são estrategicamente parecidos, para a coisa funcionar como numa linha de montagem: se um não passa, vem logo outro atrás para substituí-lo. A bancada ruralista ocupa cerca de 40% das cadeiras do Congresso Nacional e esses PLs orbitam as maiores ameaças ao meio ambiente e aos direitos dos povos tradicionais. Como o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 257/2004, do ex-deputado Carlos Souza (PL-AM), que propõe incluir as Assembleias Legislativas no processo de demarcação de terras. O texto é um apêndice da famigerada PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo o poder de demarcar Territórios Indígenas (TIs). A maioria deles é assinada por parlamentares ou ex-parlamentares envolvidos com a Justiça. Souza, por exemplo, é réu num processo do Ministério Público do Amazonas, que investiga o envolvimento dele e de familiares com o tráfico de drogas.

O deputado Edio Lopes (PMDB-RR) é autor do PL 1003/2015, que visa desocupar terras homologadas somente depois do pagamento de indenização aos fazendeiros, responde a processo na Segunda Turma do STF por peculato. O próprio autor da PEC 215, o ex-deputado Almir Sá (PL-RR), foi denunciado pela Procuradoria da República na 1ª Região, em Brasília, no caso que ficou conhecido como a “farra das passagens”. Ele e mais oito ex-deputados de Roraima são acusados de uso indevido de passagens aéreas quando exerciam mandato.

A famigerada tese do “marco temporal” tem três PLs no Congresso em defesa de sua adoção como instrumento para demarcação de terras. O 490/2007 é de autoria do ex-deputado Homero Pereira, que morreu em 2013. Ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), ele foi também foi relator da proposta que alterou o Código Florestal e dá nome a um prêmio oferecido pelos ruralistas na Câmara.

Mas a máquina ruralista também é movida a empurrõezinhos do governo. Ela foi decisiva para derrubar a investigação contra o presidente, por corrupção passiva, no Congresso: nada menos do que metade dos votos que salvaram Temer saiu da FPA. Em troca, encontra terreno fértil e mais combustível para semear seus projetos – na forma de Decretos, Medidas Provisórias, mais verba e perdão de dívidas. Por causa disso, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) entrou com um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República, acusando Temer de usar a máquina pública para atacar os direitos dos povos tradicionais e se manter na Presidência. Os povos tradicionais resistem há 517 anos contra todo tipo de arbitrariedade, às vezes usando as próprias armas do inimigo. Mais uma lição que podemos aprender com eles. 

Saiba mais:

Bancada ruralista já propôs 25 Projetos de Lei que ameaçam demarcação de terras indígenas e quilombolas

Emissões de carbono podem aumentar até 90% na Amazônia em 50 anos

Em carta confidencial, relatores da ONU criticam propostas ambientais do Congresso brasileiro

4 erros do chefe da bancada ruralista

Em entrevista à ONU Mulheres, líderes quilombolas falam sobre supressão de direitos e resistência

Comunidades locais são cruciais para salvar Amazônia, diz estudo

Governo desiste de ação contra ruralistas e pode perder R$ 17 bi

 

 

Brasil é o país que mais desmata

Brasil é o país que mais desmata

A Amazônia está sendo ilhada. O Brasil lidera a lista dos países que mais desmatam, segundo a Places to Watch, uma nova iniciativa da ONG Global Forest Watch, que monitora florestas do mundo inteiro, via satélite. Atrás de nós vêm República Democrática do Congo, Indonésia e Papua Nova Guiné.

Desde outubro e só no no território dos Kayapó, foram abaixo mais de 50 mil hectares de árvores, o que dá 50 mil campos de futebol. Trocamos a bola pela motosserra?

Via Público

Foto: Daniel Beltrá

Saiba mais

O Cerrado pode ser salvo sem loucura

O Cerrado pode ser salvo sem loucura

O Dia do Cerrado deste ano chega pouco depois da notícia de que que o bioma, o segundo maior do país, foi 50% mais devastado do que a Amazônia. Em 2015, ele perdeu cerca de 9,5 mil km². Mas nada de baixa-astral: foi em 2017 também que o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi ampliado; e é possível recuperar o Cerrado, sem nenhuma loucura envolvida.

O bioma já vem sendo recuperado, e não sai tão caro assim. A Aliança Cerrado, calculou que com R$ 395 milhões seria possível restaurar a flora do Distrito Federal até 2030. É só 3% destinado pelo governo local ao agronegócio nos últimos anos. Só lembrando que no Cerrado nascem oito das 12 mais importantes bacias hidrográficas do Brasil. Sem o Cerrado, simplesmente não tem água. Loucura seria perdê-lo.

Via O Globo e O Eco

Saiba mais aqui e aqui

Carne verde

Carne verde

Mais uma rede de supermercados entra na onda do #DesmatamentoZero.
O Carrefour anunciou que não vai mais comprar carne de fornecedores que derrubem árvores para criar gado.
E o boicote vale para qualquer tipo de desmatamento, ilegal ou legal.
Com esta decisão, a rede se junta ao Pão de Açúcar e Walmart. Juntas, as três respondem por 1/3 do mercado.
Carne ao molho madeira, nunca mais!
Uma vitória do bom senso.
Via Greenpeace Brasil
Ilustração: Hypeness
Saiba mais: https://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/-Principais-supermercados-do-Brasil-fecham-o-cerco-contra-a-carne-de-desmatamento/

Trocar Cerrado por soja faz mal ao bolso

Trocar Cerrado por soja faz mal ao bolso

Desmatar o Cerrado para plantar mais soja não é ruim apenas para o meio ambiente, mas para o bolso também. Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), chega a ser “economicamente irracional”.

O estudo aponta que 5,6 milhões de hectares da soja plantada no bioma estão em áreas inadequadas para a agricultura, por causa do clima e do solo. Isso dá 27% da área total. Em terreno fértil, a soja dá R$ 423 de lucro por hectare, enquanto em áreas desmatadas, cai para R$ 87. É uma questão de bom senso.

Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace

Saiba mais

Translate »