Redução do desmatamento foi superfaturada

Redução do desmatamento foi superfaturada

Arredondou pra mais. O governo anunciou que o país já teria cumprido sua meta de redução de emissões para 2020. Essa conta leva a diminuição do desmatamento entre 2016 e 2017. Segundo especialistas da área, esta seria uma projeção bastante improvável, superfaturada.

Um exemplo: o desmatamento da Amazônia ainda está em 6.957 km², ou 78% maior do que a meta assumida. Para cumprir o estabelecido, teríamos quase que voltar no tempo. Se bem que retrocesso na área ambiental é o que não falta.

Via Observatório do Clima

Foto: Felipe Werneck/Ibama

Saiba mais

Demarcação, já!

Demarcação, já!

A relatora especial da ONU Victoria Tauli-Corpuz pediu em evento na COP22, em Marrakesh, que o Fundo Verde do Clima das Nações Unidas garanta o reconhecimento dos direitos de povos indígenas à demarcação de suas terras tradicionais.

Tauli-Corpuz alertou seus interlocutores no evento sobre os danos que ações chamadas de soluções para o clima, como a construção de hidrelétricas, podem causar aos povos indígenas.

Hoje, o World Resources Institute apresenta na COP22 seu estudo mostrando que a demarcação de terras indígenas na Amazônia pode valer até US$ 1 trilhão em ativos socioambientais para o Brasil.

Escolher o próximo passo aqui não é complicado.

Amazônia por um fio

Amazônia por um fio

É só puxar aquele fio solto que a Amazônia se desfaz. A maior floresta tropical do mundo é como um tecido formado por fibras que são seus solo, fauna, flora, água e clima. É um equilíbrio delicado que está prestes a se romper: se o desmatamento ultrapassar 20% de sua área, ela pode não mais se recuperar. Esta taxa hoje está entre 15% e 17%. O alerta foi dado pelo climatologista brasileiro Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências, e o biólogo americano Thomas Lovejoy, da Universidade George Mason, na Virginia, em editorial da revista Science Advances. E não se vê movimento para reverter o quadro; ao contrário, o Supremo Tribunal Federal deu um passo para trás ao anistiar desmatadores, conforme prevê o novo Código Florestal, em julgamento na semana passada.

Só em verdinhas foram R$ 8,4 bilhões em multas perdoadas. Tudo em nome da segurança jurídica. Enquanto isso, o orçamento do Ministério do Meio Ambiente encolheu R$ 1,3 bilhão em cinco anos. Ou seja, o STF apenas seguiu uma tendência do que parece uma política de Estado: um estudo de duas universidades americanas e do instituto Conservation International aponta que as áreas desmatadas ilegalmente no Brasil, em vez de serem recuperadas, estão perdendo o status de Unidades de Conservação – e a MP 759, que regulariza terras da União invadidas na Amazônia está aí para mostrar que não se trata de mera teoria. O recado é claro: põe a floresta abaixo que a Justiça e o governo garantem. E a gente vai assistir a isso de braços cruzados?

A legislação brasileira determina que os proprietários rurais devem preservar parte de suas terras – essa porção do território é conhecida como Reserva Legal. Na Amazônia, o índice de proteção exigido é de 80%; no Cerrado, 35%, e nos demais biomas, 20%. Os ministros do STF endossaram endossou a posição do agronegócio na maioria dos pontos analisados nas quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), que questionavam o novo código, sancionado em 2012 pela presidente Dilma.

A corte considerou constitucionais pontos como a possibilidade de redução da Reserva Legal (de 80% para 50%) em municípios na Amazônia que tenham mais da metade de seu território ocupado por Terras Indígenas e/ou Unidades de Conservação; a possibilidade de obtenção de novas autorizações para o corte de vegetação a quem desmatou ilegalmente até 2008; Áreas de Preservação Permanente (APPs) em beira de rios devem ser medidas conforme sua variação média anual, e não a partir do nível medido na cheia; proprietários que desmataram além dos percentuais mínimos atuais ficam dispensadas de recompor as áreas, caso tenham seguido as regras vigentes no momento em que desmataram; e as propriedades podem contabilizar APPs no percentual de Reserva Legal.

E como se não bastasse o desmatamento, uma série de outras ameaças tem matado, num ritmo cada vez mais veloz, as árvores da Amazônia e de outras florestas tropicais da Terra. A conclusão é de um relatório do Laboratório Nacional do Noroeste Pacífico (EUA), que contou com a participação do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e de outras instituições científicas e foi publicado na revista New Phytologist. Os principais motivos são o aumento da temperatura, secas mais longas, ventos mais fortes, incêndios e até o excesso de gás carbônico na atmosfera – ou seja, todos efeitos diretos ou indiretos das mudanças climáticas. A Amazônia está toda puída. Depois não adianta cerzir.

Saiba mais:

Áreas de conservação desmatadas na Amazônia estão perdendo proteção do governo, aponta estudo nos EUA

Abismo climático na Amazônia se aproxima, dizem cientistas

Desmatamento na Amazônia pode estar próximo de não ter volta

Floresta amazônica pode virar savana, alerta estudo

Como fica o Código Florestal após passar pelo crivo do Supremo

STF mantém anistia a desmatadores no Código Florestal

Em vitória do agronegócio, STF mantém anistia a desmatadores

Novo Código Florestal divide produtores rurais e ativistas

Decisão do STF sobre Código Florestal encoraja retrocesso ambiental

Código Florestal: com anistia a desmatadores, STF perdoa multas que somam R$ 8,4 bilhões

Agronegócio vence disputa sobre Código Florestal

Árvores de florestas tropicais úmidas estão morrendo mais rápido em todo o planeta

Em cinco anos, orçamento do Ministério do Meio Ambiente cai R$ 1,3 bilhão, diz estudo

Pesquisadores apontam colapso nos estoques de carbono na Amazônia

Munduruku e Ka’apor contra o crime organizado

Munduruku e Ka’apor contra o crime organizado

A invasão começou em 1500 e continua até hoje. Abandonados pelo poder público, Munduruku e Ka’apor lutam sozinhos contra o crime organizado na Amazônia. Só entre 2013 e 2016, os Ka’apor fecharam 14 estradas clandestinas e queimaram 105 caminhões que transportavam madeira ilegal.

Os Munduruku resistem em várias frentes: a última, lutando sozinhos contra o garimpo ilegal na região da Floresta Nacional do Crepori, uma área protegida. Temos muito a aprender com eles sobre respeito à natureza e resistência.

Via Agência Pública

Foto: Atual7

Saiba mais

Ouçam o que tem a dizer Salgado

Ouçam o que tem a dizer Salgado

As imagens de Sebastião Salgado valem mais do que mil palavras, mas sempre vale a pena ouvir o que ele tem a dizer. Segundo um dos mais renomados fotógrafos do mundo, reflorestar um hectare de terra desmatada custa R$ 25 mil; e sem a participação de indígenas e ribeirinhos na preservação de rios e matas, esse dinheiro ainda seria jogado fora.

Salgado participou do seminário “Água, Vida e Direitos Humanos”, promovido pela Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Ele defendeu o acesso à água como direito humano, com destaque para a preservação de nossos recursos hídricos. Salgado apresentou o esboço de um projeto para um novo modelo econômico para a Amazônia. Dá um close nele.

Via Ministério Público Federal

Foto: Sebastião Salgado

Saiba mais

Translate »