Baleias fora d’água. Já foram 97 encalhadas no Brasil este ano, o maior número desde 2002. E tende a aumentar. Só duas sobreviveram, como a que foi salva por moradores de Búzios (RJ), em agosto. Muitas morrem por engolirem lixo, enroscando-se em redes ou sendo atropeladas por embarcações – ou seja, por nosso descuido. A boa notícia é que o aumento de mortes também está relacionada com o crescimento da população: eram 3,4 mil baleias-jubarte naquele ano e hoje passam dos 17 mil.
Do outro lado do mundo, os japoneses mataram 177 no Pacífico, em uma missão que teria “fins científicos”, conforme divulgou ontem a agência de pesca do país. “Fins científicos” que certamente incluem a pesquisa de novas receitas da cozinha japonesa.
As Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia estão sob ataque simultâneo de congressistas, governo e motosserras. Em 2008, o desmatamento em UCs representou 6% do corte raso total no bioma; em 2015, essa participação pulou para 12%.
Um dos locais mais vulneráveis é o entorno da BR-163 (Cuiabá-Santarém). Lá está situada a Floresta Nacional (Flona) de Jamanxim (PA), cujos limites foram alterados pela Medida Provisória (MP) 756. Com a chegada da matéria ao Congresso, o senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA) propõe com uma emenda à MP a extinção do Parque Nacional do Rio Novo, área de proteção integral contígua à Flona.
Frigoríficos e mineradoras acompanham atentos essa movimentação. Mas os interesses na estabilidade climática e na biodiversidade precisam falar mais alto.
Intervenção divina. Em um encontro com mandachuvas das principais empresas de petróleo e gás do mundo, o Papa Francisco cobrou respeito ao meio ambiente. O Sumo Pontífice lembrou que dois anos e meio depois da assinatura do Acordo de Paris, as emissões de CO2 “continuam muito altas”.
“A civilização exige energia, mas o uso de energia não deve destruir a civilização”, disse ele. Hoje, até o papamóvel é elétrico. Ou seja, é um exemplo vem de cima.
A Justiça da Índia reconheceu nos últimos dias o Ganges e o Yamuna como “entidades vivas com o estatuto de pessoa legal”. Agora, cidadãos podem tomar medidas jurídicas em nome dos rios sagrados para preservá-los e conservá-los.
Parece que a história do Rio Whanganui, na Nova Zelândia, lançou tendência. Na semana passada, ele se tornou uma entidade legal equivalente aos indígenas do povo Maori que carregam seu nome.
Há, no entanto, uma diferença entre os dois casos.
Como se vê na foto, a poluição de dejetos industriais e esgoto é bem mais flagrante no Ganges que no seu equivalente neozelandês.
Torçamos por uma chuva de ações – judiciais ou não – para que se reverta urgentemente a situação no maior rio da Índia.