A Era de Aquário está dentro de nós

A Era de Aquário está dentro de nós

Dizem que o astrônomo maia trocou as bolas na hora de escrever a data do Juízo Final e, em vez de 2021, anotou 2012 no famoso calendário. Fato ou fake, a história rendeu um bom meme na internet e realmente 2020 nos deixou com um pezão atrás em relação ao futuro. Por outro lado, Júpiter e Saturno se alinharam em 21 de dezembro. O fenômeno conhecido como Estrela de Belém brilhou de novo no céu e, para muita gente, marcou o início da Era de Aquário. Um tempo no qual “a paz guiará os planetas e o amor comandará as estrelas”, como diz aquela música do “Hair”. A esta altura do campeonato, uma mudança que cairia bem para o nosso surrado planetinha. Resta saber se ela virá das estrelas ou partirá de nós mesmos.

Cada era astrológica dura mais de 2000 anos. Há quem acredite que, tecnicamente, ainda estamos na Era de Peixes, que antecede Aquário. Astrologia é interpretação; por isso, não existe consenso. Para alguns, a Era de Aquário começou em 2000. Para outros, só vai dar as caras em 2600 e há quem diga que somente no ano 3000. O florescer das religiões, as guerras por conta de ideologias e a dedicação dos homens a ideais que nunca se tornaram realidade foram algumas das marcas da Era de Peixes. Já para Era de Aquário, as expectativas são bem mais animadoras.

Espera-se que seja um tempo em que a humanidade reformule a vida em sociedade e o entendimento entre os indivíduos. Movimentos sociais ganharão relevância; o consumo consciente, novos adeptos. A intuição cederá espaço a um ser humano mais lógico e racional. Se tudo isso se cumprir nos próximos tempos, a Era de Aquário terá saído melhor do que encomenda. Imagine um mundo em que indígenas e quilombolas são reconhecidos e respeitados, em que ninguém compra mais do que precisa e que aproveitamento e preservação da natureza são apenas dois lados de uma mesma moeda. Tudo isso se encaixa na descrição acima, o que nos faz querer que esta tal era comece o quanto antes.

“Harmonia e entendimento, solidariedade e abundante confiança, nada mais de falsidade ou menosprezos”, cantavam os cabeludões de “Hair”. Sejamos sinceros: para alcançar estes objetivos, dependemos menos dos astros do que de nós mesmos. A capacidade que tivemos de colocar o planeta na atual embrulhada é equivalente ao nosso potencial de criarmos um outro tempo guiado por novos valores. Se a era vai ser de Peixes ou de Aquário, tanto faz. O importante é que seja diferente. E essa mudança precisa partir de nós.

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Gestão incompetente

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Uma única empresa de tecnologia americana, a Apple, vale US$ 2 trilhões (cerca de R$ 11 trilhões), um valor maior do que o PIB do Brasil – que não chega a US$ 1,9 trilhão. Mesmo que fosse possível desmatar toda a Amazônia para plantar soja, criar gado e extrair ouro, dificilmente deixaríamos de ser um país pobre. Isso na melhor das hipóteses, pois a ambição máxima do exportador de commodities é conseguir vender o almoço para pagar a janta. Por outro lado, a floresta nos oferece a oportunidade de produzir tecnologia de ponta para o novo modelo econômico que se desenha. Agora, imaginem se a direção da Apple tivesse percebido em 2019 um problema que poderia levar a empresa à beira da falência no ano seguinte e não tivesse feito nada? O governo brasileiro agiu assim em relação aos alertas de que a Amazônia deverá enfrentar em 2020 uma temporada de incêndios ainda mais dantesca do que a do ano passado. Na iniciativa privada, seria caso de demissão.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avalia que o poder destrutivo das chamas aliado à penetração do novo coronavírus mata adentro pode resultar numa “catástrofe”. A instituição está realizando um estudo para avaliar os efeitos que o encontro da Covid-19 com as queimadas poderá causar na saúde da população local. Em 2019, cidades de Amapá, Pará, Maranhão e Mato Grosso tiveram o maior número de casos já registrados de doenças respiratórias. Segundo dados preliminares, morar em cidades próximas a incêndios florestais aumenta em 36% a possibilidade de a pessoa ser internada. “A exposição à fumaça fragiliza o sistema imunológico, a pessoa fica mais vulnerável às infecções em geral, como a pneumonia. O sistema imunológico fragilizado e com a Covid pode ser uma catástrofe”, disse o pesquisador Christovam Barcellos, um dos coordenadores da pesquisa. Não se trata apenas (sic) do meio ambiente, são mais vidas que serão perdidas.

O inevitável fogaréu é resultado direto das sucessivas quebras de recordes de desmatamento que o país vem batendo desde o início de 2019, causadas não só pelo descaso e por uma política ambiental primitiva, como também pelo mau uso do dinheiro público. Por exemplo: enquanto gastou-se migalhas com prevenção, o Ministério da Defesa acaba de pagar mais de R$ 145 milhões, aparentemente sem licitação, num satélite para monitorar o desmatamento na Amazônia. Este trabalho já é feito, com tecnologia e know-how superiores, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão, criado em 1961, tem sido fonte constante de dor de cabeça para o governo, simplesmente por fazer o seu trabalho – assim como Ibama e ICMBio. Talvez por isso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações tenha reduzido a zero o seu orçamento para pesquisa em 2021. Depois se o povo chamar o novo satélite de Caô I, não venham reclamar.

A salvação da Amazônia não virá do espaço, tampouco de operações pontuais com nomes escolhidos pelo pessoal do marketing. É preciso tratá-la de forma diferente. Em 2017, um incêndio monstruoso destruiu a região do Pedrógão Grande, em Portugal. Um pequeno sítio foi poupado das chamas, formando uma ilha verde cercada de cinzas e a Intervenção Divina não teve nada a ver com o ocorrido. O fogo parou nas castanheiras, nos carvalhos e nas oliveiras, árvores nativas de Portugal, que cercavam a propriedade. Elas formaram uma barreira natural, pois armazenam água no solo e têm copa volumosa, o que ajuda a baixar a temperatura substancialmente. Incêndios florestais têm sido cada vez mais comuns na Europa e pesquisadores da Universidade do Porto fizeram um estudo que defende o uso das chamadas “paisagens inteligentes” para controlar incêndios. No Brasil, temos os maiores especialistas do mundo nessa área: os povos originários.

Em 1975, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento da ocupação da Amazônia, só 0,5% da floresta tinha sido desmatado. Em 1988, essa porcentagem subiu para 5,5% e hoje está em 20%. A história da ocupação humana na região data de 8 mil anos. Neste longo período, só uma parte ínfima da floresta foi abaixo, enquanto em pouco mais de 40 anos nós a reduzimos a 80% do seu tamanho original. A Amazônia desmatada é altamente inflamável, mas de pé é úmida, só queima se alguém tacar fogo. Incêndio na mata é crime. Os indígenas não vivem na floresta, fazem parte dela. Eles conhecem as propriedades de todas as árvores, sabem usar o manejo florestal para combater fogo. É um conhecimento milenar. No momento, a pandemia os obrigou a se recolherem, então pouco podem fazer. Mas depois que isso tudo passar, devemos ter juízo e lhes devolver a direção da Amazônia.

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O sonho brasileiro

O sonho brasileiro

“Existe um sonho brasileiro?”, provocou o economista Eduardo Giannetti, numa live produzida por Uma Gota no Oceano. Afinal, o que se espera do Brasil? A gente sabe que o sonho americano, datado do início do século passado, vem embalado na crença de que qualquer um pode vencer na vida. Mas o que significa, afinal, “vencer na vida” em 2020, com uma pandemia na sala de estar e uma crise climática arrombando a porta? Em conversa com o presidente de nosso conselho, o arquiteto e urbanista Miguel Pinto Guimarães, o autor de “Trópicos utópicos” (2016) e “O elogio do vira-lata” (2018) disse acreditar que é hora de o Brasil aspirar a criar sua própria utopia e se tornar o preconizado país do futuro: “Devíamos mobilizar nossas energias na construção de um novo modelo civilizatório”. Não tem saída: o coronavírus nos mostrou que temos que reinventar nossa relação com o meio ambiente. “Vamos ter que nos repensar à luz dessa disfunção de metabolismo entre sociedade e mundo natural”, disse Gianetti.

Ao lidar com forças que estão além de seu controle, a Humanidade acabou se tornando vítima delas – a destruição do meio ambiente ajudou a deflagrar epidemias e a acelerar as mudanças climáticas. Para o economista, que foi colaborador da candidata à Presidência, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, além de sua biodiversidade o Brasil tem outra característica que o credencia a conduzir essa mudança, a sua multiculturalidade: “O elemento afro-indígena nos dá a possibilidade de construir algo original juntando elementos tão diferentes”. É preciso mudar a forma de pensar antes de começar a agir diferente. “A floresta era vista como um inimigo a ser vencido, um obstáculo ao desenvolvimento. Hoje, podemos afirmar que crescer 7% destruindo o patrimônio ambiental é muito pior do que crescer 3% preservando este mesmo patrimônio” disse Gianetti.

E dá para crescer bem mais. Em outra conversa online com Miguel, o cofundador e pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo, apontou o caminho: a bioeconomia. “Tudo que é da natureza tem potencial econômico, as fibras, as resinas, os óleos. O Brasil perdeu a corrida da industrialização e se apoia basicamente no agronegócio. Nenhum país se desenvolve ancorado somente na agropecuária. É preciso produzir bens tecnológicos. Nos anos 1960, o Brasil se encontrava no mesmo patamar que a Coreia do Sul e hoje ela está muito mais avançada do que a gente”. O cacau sai da Amazônia para virar chocolate suíço ou belga. Para Veríssimo, é preciso agregar valor ao cacau, algo que não vem sendo feito: “A bioeconomia é uma dessas janelas de oportunidades, mas o Brasil não está fazendo o dever de casa. Além de não ter políticas públicas dirigidas para o desenvolvimento de tecnologias para a área e de não conseguir atrair investimento privado, ainda está destruindo os recursos naturais que são a base dessa futura economia”. A floresta já desempenha um papel enorme em nossa economia. Ela gera bens e serviços que são vitais para o agronegócio, a medicina, a alimentação etc., mas ainda não conseguimos dimensionar todo o seu potencial. “A Amazônia é uma grande Biblioteca de Alexandria da natureza. Só que nossa capacidade de ler essa biblioteca é muito limitada, seja por incapacidade de nossa ciência, seja pelo fato de que o conhecimento ancestral sobre ela foi dizimado nos séculos XVI e XVII. Conhecimento empírico que os povos da floresta acumularam por 15 mil anos e que a ciência moderna pode levar mil anos para recuperar”, explicou o pesquisador.

O Brasil já tirou da Amazônia o equivalente aos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro juntos. E 90% dessa área desmatada está abandonada ou subaproveitada. Segundo Veríssimo, é possível aumentar a produção sem sacrificar a floresta e o clima. “Até 2030 a agropecuária pode ocupar essas áreas, sem a necessidade de desmatar um único hectare, e ainda sobrariam partes que a gente poderia restaurar, principalmente as próximas a cabeceiras de rios”, disse ele. Fora que o modelo de desenvolvimento adotado na região, com base no desmatamento e em grandes projetos de infraestrutura, não gerou prosperidade para quem vive lá. “Hoje a Amazônia está relativamente mais pobre do que quando era floresta. Nos anos 1940, o estado do Pará tinha a economia voltada para o extrativismo e era o sétimo PIB per capita do Brasil; em 2010, com 25% do território desmatado, era o maior produtor de minério de ferro, exportava carne bovina e soja, tinha grandes hidrelétricas, mas era o 21º PIB per capita”, exemplificou Veríssimo.

O mundo inteiro já sabe que não há solução para a questão da mudança climática se a Amazônia não continuar de pé. “Há uma pressão externa monumental. Boa parte dos donos do dinheiro do mundo não querem investir no Brasil. Isso, aliás, já estava ficando claro antes mesmo da pandemia, no encontro do G-20 em Davos. Ninguém queria saber da nossa reforma da previdência, mas de proteção da Amazônia”. A conta das sanções internacionais será paga por todos nós. Ainda temos a chance de reverter esse processo, mas Veríssimo lembra que, para isso, será preciso também haver mudanças em nossas dimensões espiritual e ética. É preciso ter a consciência de que a natureza tem o direito de existir; recuperar ao menos parte do conhecimento daqueles que viveram na maior floresta tropical do mundo antes de nós. Este deveria ser o sonho brasileiro.

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Armínio Fraga: a social economia

Quais são os caminhos para uma economia mais democrática? Nosso conselheiro Miguel Pinto Guimarães conversa sobre os possíveis rumos com o economista Armínio Fraga. Uma conversa para discutir os rumos para uma sociedade mais justa e o papel do terceiro setor na falta de ações do Estado também pautam a conversa. Em um momento de crise econômica e sanitária, somada a atmosfera de polarização exacerbada, e os diálogos sobre possíveis rumos para o Brasil é fundamental para reaver a esperança em um país melhor. #CadaGotaConta!

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Realidade Aumentada

Realidade Aumentada

O escritor Ariano Suassuna costumava dizer que “o otimista é um tolo e o pessimista, um chato; então, prefiro ser realista”. Não carregar nas tintas ajuda a enxergar mais claramente e isso pode ser decisivo em momentos de crise. O novo coronavírus pegou o mundo num momento especialmente delicado, marcado por disputas políticas que põem a própria ciência em dúvida, graves crises sociais e econômicas, e o avanço sem trégua das mudanças climáticas. À primeira vista, a perspectiva do mundo pós Covid-19 é sombria. Mas é possível sonhar um futuro melhor mesmo sem apelar para o otimismo: quando a gente enxerga com clareza, escolhe os melhores caminhos para concretizá-lo.

“Siga o dinheiro”. A frase popularizada pelo filme “Todos os homens do presidente” aponta algumas pistas. A atual crise do petróleo não parece ser apenas uma crisezinha, ela pode decretar a aposentadoria dos combustíveis fósseis antes mesmo do que imaginávamos. Um sinal: o Fundo Rockefeller Family anunciou, no último dia 22, que abandonará seus investimentos no setor. É uma notícia emblemática, já que a fortuna da família nasceu, há um século, com a companhia petrolífera Standard Oil. A instituição também decidiu retirar seu dinheiro da Exxon Mobil Corp, alegando que a empresa enganou a população sobre os riscos do desequilíbrio climático. Ainda que seja somente uma preocupação com a imagem da marca, a decisão quebra uma antiga tradição e aponta um desvio de rota relevante.

Agora uma evidência: o último relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o “Global Energy Review 2020”, indica que a demanda global de energia em 2020 deverá cair 6%. Este tombo é sete vezes maior do que o registrado depois da crise financeira de 2008/2009. Ele equivale a toda a demanda anual de energia da Índia – ou o que consomem juntos o Reino Unido, França, Alemanha e Itália em um ano. “Este é um choque histórico para todo o mundo da energia”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da entidade. “Em meio às crises econômicas e de saúde, incomparáveis, de hoje, a queda na demanda por quase todos os principais combustíveis é impressionante, especialmente para carvão, petróleo e gás”, disse ainda Birol.

O levantamento da AIE aponta também que quem vem segurando as pontas são as fontes de energia renováveis – à frente, a solar e a eólica que, somadas, já têm capacidade instalada maior do que as hidrelétricas. Cada vez mais baratas, elas devem crescer 5% este ano e podem atropelar. E em tempos de pandemia, a adoção em massa do transporte coletivo movido a eletricidade ganha mais uma recomendação: “Além de ser mais solução limpa e barata para o transporte, essa energia vai reduzir os gastos com o já sobrecarregado sistema de saúde, afinal, a poluição reduz pelo menos três anos de vida das pessoas nas grandes cidades”, atestou Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. A pandemia deve causar uma redução de 8% nas emissões de CO₂ – seis vezes maior que a de 2009. Não é o suficiente para manter a temperatura do planeta estável; além disso, outro efeito colateral das mudanças climáticas é o surgimento de novas doenças – ou a volta de antigas, como a febre amarela urbana. Mas é uma prova de que é possível reduzir emissões rapidamente.

Em seu recente livro, “O amanhã não está à venda”, Ailton Krenak fez um alerta: “Quem está apenas adiando compromissos, como se tudo fosse voltar ao normal, está vivendo no passado. O futuro é aqui e agora, pode não haver ano que vem”. Ou como disse a autora de “Economia donuts”, a economista e pesquisadora do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford, Kate Raworth, “quando, de repente, temos que nos preocupar com clima, saúde, empregos, moradias e cuidados com a comunidade, existe uma necessidade (…) Não é apenas uma ideia alternativa do mundo”. Não há escolha: passada a pandemia vamos precisar mudar a forma como nos relacionamos com a Terra. E não só em escala planetária: quem nestes dias de isolamento ainda não refletiu sobre o que é essencial e o que é supérfluo para si?

Pequenas mudanças de comportamento podem se tornar hábitos saudáveis – para você e para o mundo. Uma transformação está em curso e ela é tocada por iniciativas individuais ou comunitárias. Curiosamente, o isolamento social pode nos aproximar: laços de solidariedade e de confiança precisam ser formados ou reforçados. No Brasil inteiro, pequenos produtores rurais e artesãos têm se associado para fazer seus produtos chegarem diretamente ao consumidor – que também está se unindo em grupos de compra. Gotinhas que se reagrupam para formar um novo oceano.

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