Pense no verde antes de apertar o verde

Pense no verde antes de apertar o verde

Pense muito bem antes de apertar o verde. O desmatamento é a segunda maior causa das mudanças climáticas. Que providências os candidatos à Presidência planejam tomar para deter a destruição do nosso verde?

O Observatório do Clima analisou os programas de governos dos principais deles e montou um pequeno guia para o eleitor. O que eles tê a dizer a respeito do Acordo de Paris, do investimento em energias renováveis e desenvolvimento sustentável? E bom pensar bem, pois a próxima oportunidade é só daqui a 4 anos.

Foto: MundoGEO

Saiba mais

Mais comida, menos desmatamento

Mais comida, menos desmatamento

Dinheiro não é capim, terra tem fim e comida não cai do céu. Uma das principais justificativas para o desmatamento – não somente no Brasil, mas no mundo inteiro – é a de que é preciso abrir mais espaço para plantar e criar gado para alimentar a população que só cresce. Se deixarmos as motosserras e os tratores de lado, e usarmos uma calculadora, porém, vamos ver que esses números não batem. Do campo ao prato, o roteiro inclui mau aproveitamento ou uso inapropriado da terra, problemas com armazenamento e transporte, quantidades obscenas de alimentos em bom estado que vão para o lixo e a falta de planejamento. Em uma palavra: desperdício – de recursos naturais, financeiros e humanos.

Vamos começar pela quantidade de comida que é jogada fora. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 1,3 bilhão de toneladas – ou um terço de todos os alimentos produzidos no planeta anualmente – vão para o lixo. Com apenas um quarto do que é desperdiçado hoje, seria possível alimentar 870 milhões de famintos e acabar com a fome no mundo. No Brasil, contando apenas os supermercados, todos os anos vão para o lixo R$ 7,1 bilhões em comida – cifra equivalente ao faturamento anual do Grupo Pão de Açúcar.

Em nosso país, o desperdício também acontece bem antes das prateleiras. Por séculos, as dimensões e abundância de terras parecem ter afrouxado a preocupação com um uso mais eficiente – e sustentável – do solo. Uma navegada na área de cobertura e uso do solo do recém atualizado site MapBiomas dá a dimensão exata do quanto do território nacional é ocupado, por exemplo, com pastos (150.117.868,30 hectares) e sua proporção em relação, por exemplo, à área preenchida por “formações florestais” (430.775.866,56 hectares). Grande extensão, porém, não representa grande produção. Na Amazônia, nada menos que 65% do desmatamento tem como objetivo ampliar as atividades pecuárias. Mas iniciativas como os da Pecuária Sustentável da Amazônia (Pecsa), mostram que desmatar para ampliar a pastagem é um mau negócio, e dá para produzir mais, melhor e com maior rentabilidade de forma sustentável.

Pastos na Amazônia costumam se esgotar em poucos anos e, depois disso, são simplesmente abandonados por pecuaristas que partem para abrir novas clareiras. Esse é o principal motivo para que, a despeito de vir crescendo muito na região, a soja seja responsável por apenas 1,2% do desmatamento na região. Não por acaso, pastos exauridos são ocupados justamente por essa cultura que está submetida a uma moratória – que veta o financiamento e a aquisição da soja cultivada em áreas desmatadas do bioma Amazônia a partir de julho de 2008. O boi desmatou, a soja ocupa. Em 2017, houve a maior ocupação em cinco anos.

Como outras commodities, porém, a soja está muito mais presente no prato da balança comercial do que sobre a mesa dos brasileiros: das 115 milhões de toneladas colhidas em 2017, 78% foram para a China. Segundo o IBGE, 70% dos alimentos consumidos no país vêm da agricultura familiar, e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário informa que temos 4,4 milhões de agricultores familiares, responsáveis por 38% da produção agropecuária brasileira e por empregar 74% da força de trabalho. O agronegócio é dominado pela monocultura extensiva de poucos produtos, usa muitas máquinas e insumos químicos, tem foco no mercado externo e recebe crédito maciço do governo, enquanto a agricultura familiar é dedicada à policultura e à produção de alimentos, emprega mais gente e não é tratada com a mesma generosidade pelo Estado.

Quando falamos em fome no mundo, soluções relacionadas a esta segunda forma de produção – como, por exemplo, a permacultura – se mostram não somente mais baratas, como sustentáveis em termos socioambientais, não somente na agricultura, mas também em outras formas de se produzir alimentos. No fundo, é tudo uma questão de definir prioridades – e de não deixar comida no prato.

Saiba mais:

Desmatamento no cerrado é economicamente irracional

Receita para reduzir perda e desperdício de alimentos

Food loss waste protocol (Relatório de perda de alimentos para o lixo)

R$ 7 bilhões em comida jogados no lixo

Lei que proíbe jogar alimentos fora vira exemplo mundial

Pecuária é responsável por 65% do desmatamento da Amazônia

Soja é responsável por apenas 1% do desmatamento na Amazônia

Cultivo de soja em área desmatada da Amazônia cresceu 27%

Avanço da soja em áreas de desmatamento na Amazônia é o maior em cinco anos

Quem produz os alimentos que chegam à mesa do brasileiro?

Animação mostra falhas no manejo da terra (vídeo)

Permacultura, um cultivo sustentável e lucrativo (vídeo)

 

Tolerância zero com a fumaça

Tolerância zero com a fumaça

Mais um exemplo sustentável que vem do frio.
O conselho municipal de Copenhague proibiu novos investimentos em combustíveis fósseis na cidade.
A capital dinamarquesa segue o bom exemplo de Paris, Oslo e Newcastle.
Na prática, a medida proíbe investimentos em empresas que obtêm mais de 5% de seu faturamento usando carvão, petróleo e gás.
A cidade perde dinheiro, mas seus moradores ganham em saúde.
Outras grandes cidades europeias podem seguir este caminho.
E por aqui, abaixo da linha do Equador, quando faremos algo parecido?
Via CicloVivo
Foto: Euroresidentes
Saiba mais: https://ciclovivo.com.br/noticia/copenhague-proibe-investimentos-em-combustiveis-fosseis/

MP do Trilhão: marcha-ré do desenvolvimento sustentável

MP do Trilhão: marcha-ré do desenvolvimento sustentável

Nunca é feito à luz do sol, até nisso há desperdício: a Câmara Federal aprovou ontem, na calada da noite, o texto base da Medida Provisória 795/17, a MP do Trilhão, que concede mais benefícios fiscais à indústria petrolífera. Caso vire lei, o país deixa de arrecadar R$ 40 bilhões por ano e engata mais uma vez a marcha-ré do desenvolvimento sustentável, além de dar as costas para o Acordo de Paris.

Imaginem o que dá para fazer com essa grana: já dissemos aqui que com dez vezes menos, R$ 4 bilhões, é possível zerar o desmatamento; mas R$ 4 bilhões também é o que vai custar o Complexo Eólico Campos Neutrais, no Rio Grande do Sul, o maior da América Latina, que vai gerar eletricidade limpa para três milhões de pessoas. Nenhum outro país do mundo subsidia exploração de combustíveis fósseis como o Brasil. É coisa de mãe para filho. A quem isso interessa?

Via Agência Brasil

Foto: Viktor Veres/AFP

Saiba mais

O pior de dois mundos

O pior de dois mundos

Estamos mal no quadro de medalhas do desenvolvimento sustentável. O Brasil já produz tanto lixo quanto um pais desenvolvido, mas ainda trata a sujeira à moda do Terceiro Mundo. Ou seja, conseguimos unir o pior dos dois mundos. A conclusão é de um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Cada brasileiro produz em média 387 quilos de resíduos por ano, mas cerca de 80 milhões de pessoas não têm acesso a serviços de tratamento e destinação final adequados do lixo. Mó sujeira! Via Revista Meio Ambiente Industrial
Foto: Global Waste
Saiba mais: https://rmai.com.br/brasil-gera-lixo-como-primeiro-mundo-mas-o-tratamento-ainda-e-de-nacao-subdesenvolvida/

Translate »