A biodiversidade da Amazônia é tão grande que ainda há todo um mundo desconhecido escondido em recantos da floresta. O Museu Paraense Emílio Goeldi começa a publicar neste mês revelações sobre 600 espécies vegetais pouco ou nada conhecidas que recobrem as áreas de cangas da Serra de Carajás, no Pará.
Uma delas é a lepidaploa paraensis, a linda flor que ilustra este post.
Amparado em pesquisas do mesmo museu feitas na década de 1970, o estudo atual reúne mais de 70 botânicos em torno de uma investigação genética fundamental para a recuperação da biodiversidade afetada pela mineração de Carajás.
A descoberta de um recife de corais na foz do Rio Amazonas e, agora, a revelação de centenas de espécies de plantas no sudeste paraense são os reforços mais recentes a favor da preservação da Amazônia. Tanto pelo que sabemos, quanto pelo que desconhecemos.
Da mula-sem-cabeça ninguém mais tem medo, mas há lendas que ainda insistem em assombrar o campo. Nos últimos dias, dois mitos rurais brasileiros foram ao solo: o de que há excesso de terra protegida no país e o de que sem agrotóxico não se produz alimento suficiente para saciar a fome do planeta. O primeiro, foi derrubado pelo recém-publicado Atlas da Agropecuária Brasileira, da Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora); o segundo, exorcizado por um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mesmo assim, ainda há os que neles creiam e persistam em evocá-los. A informação é a nossa bala de prata.
Segundo o relatório da ONU, é possível alimentar as 9,6 bilhões de seres humanos que habitarão o planeta em 2050 sem o uso de agrotóxicos. O segredo está na redução da pobreza e da desigualdade. Além disso, estima-se que os pesticidas matem 200 mil pessoas por ano. O Brasil é o maior consumidor mundial do veneno, mas há quem ache pouco: o próprio ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é autor do Projeto de Lei (PL) 6299/2002, que propõe a flexibilização da legislação sobre o uso de agrotóxicos. A sociedade civil, porém, já começa a reagir a essa insensatez: partiu dela o PL 6670/16, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara). A proposta prevê mais de cem medidas para limitar o uso de pesticidas e herbicidas e garantir um ambiente sadio para se produzir comida de qualidade.
A bancada ruralista briga no Congresso para fatiar a Amazônia e entregá-la ao agronegócio, mas a verdade é que tem terra suficiente no país para plantar e criar boi. O Atlas da Imaflora aponta que, em números absolutos, as áreas protegidas cobrem 27% do território nacional, enquanto as grandes propriedades ocupam 28%. É bem verdade que por lei o proprietário deve preservar a vegetação natural em parte de suas terras; por outro lado, o desmatamento em áreas protegidas vem crescendo – dobrou de 2012 para 2015. A devastação do verde, infelizmente, não é apenas um mito.
27 \27\America/Sao_Paulo março \27\America/Sao_Paulo 2018 | Cerrado
O Cerrado é a nossa central de abastecimento de água: lá nascem oito das 12 principais bacias hidrográficas do Brasil. Também é a savana mais rica em biodiversidade do mundo: são mais de 12.500 espécies de plantas (das quais, mais de 7.300 endêmicas), mil espécies de peixes e mais de 250 mamíferos.
E está sendo destruído à incrível velocidade de cerca de 9.500 km² por ano. Enquanto foram devastados 9.483 km² de Cerrado em 2015, a Amazônia encolheu 6.207 km². Desde 1970, perdemos 47% do bioma, para a monocultura e os pastos. Em nome de que arriscamos essa biodiversidade e a nossa água?
Tem muito café, guaraná e castanha-do-brasil vindo de sistemas agroecológicos na Amazônia. Esse é o trabalho de centenas de agricultores familiares na Cooperativa de Produtores Rurais Organizados para Ajuda Mútua (Coocaram), em Ji-Paraná (RO), no meio da floresta.
Existe uma parceria com os povos indígenas e seringueiros da região para comercializar a castanha, com certificação orgânica e contribuição para a conservação de milhões de hectares de floresta.
Ou seja, comércio justo e preservação são combinados para fornecer produtos saudáveis e de qualidade garantida.
Uma mova ameaça paira sobre o Rio Xingu.
E ainda mais assustadora: é o fantasma de Mariana chegando ao coração da Amazônia.
A canadense Belo Sun planeja extrair 150 toneladas de ouro da região.
A empresa vai usar cianeto para retirar o minério das rochas. É uma substância altamente tóxica.
Um dos engenheiros que elaboraram o relatório atestando que o projeto é seguro, também assinou o laudo que garantia a estabilidade da barragem de Fundão, em Mariana.
Samuel Loures foi indiciado por homicídio.
E a própria empresa admite num relatório que o risco de rompimento da barragem é alto.
A denúncia é do “Fantástico”.
Foto: Lilo Clareto/El País
Assista à reportagem: https://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/mineradora-de-ouro-as-margens-do-rio-xingu-pode-causar-danos-ao-ambiente/5105311/