Veneno na mesa dos outros é refresco. Banidos de outros países, os agrotóxicos são consumidos por boa parte da população brasileira. Em 2017, 60 mil toneladas de itens como paraquate, atrazina e acefato foram lançados nas plantações do país. A Europa concentra as sedes das principais empresas do segmento de pesticidas, mas o uso de vários desses produtos, que comprovadamente causam mal à saúde, são proibidos por lá.
Um estudo da USP mostra que as companhias do Velho Mundo exportam essas substâncias para mercados mais condescendentes, como o Brasil. Como contraponto, o Projeto de Lei (PL) 6.670/2016, denominado Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), deve ser votado em 2019 no Congresso Nacional.
Empatamos o jogo nos acréscimos: a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRa) foi aprovada no dia 4/11, em uma Comissão Especial da Câmara. Com o anúncio da deputada Tereza Cristina, defensora do PL do Veneno, para o Ministério da Agricultura, esta é uma chance de a gente virar o jogo e garantir uma alimentação mais saudável no futuro.
O PNaRa é um Projeto de Lei de iniciativa popular que tem como finalidade implantar medidas que ajudem a reduzir gradualmente o uso de agrotóxicos no Brasil. Caso não fosse votado este ano na comissão, tão cedo não colheríamos seus frutos. Agora é fazer pressão popular para levar o projeto à votação em Plenário.
Não espanta ninguém que a indústria do petróleo seja a atividade que cause mais poluição ao planeta. Mas o segundo lugar dessa lista ingrata certamente vai pegar muita gente com as calças na mão: a moda.
Por exemplo: o poliéster, a fibra sintética mais usada na indústria, consome 70 milhões de barris de petróleo por ano. E demora 200 para se decompor.
Já o cultivo de algodão responde globalmente pelo uso de 24% de todos os inseticidas e 11% de todos os pesticidas.
Em cima dessas cifras impressionantes, há um problema maior.
A cultura de descarte que paira insistente sobre a moda potencializa muito toda a poluição originada na obtenção da matéria-prima.
Mas ninguém precisa andar pelado: reduzir, reaproveitar e reciclar são palavras de ordem para chegarmos a um consumo (bem) mais consciente e sustentável.
A ONU já havia dito que 40% dos polinizadores invertebrados, como abelhas e borboletas, correm risco de extinção mundial. Agora o alerta é mais claro. Com base em um estudo da Universidade de Sussex, no Reino Unido, o Greenpeace afirma que a Europa deveria ampliar a proibição de pesticidas prejudiciais às abelhas.
Vale lembrar que 1,4 bilhão de empregos e três quartos de todas as colheitas mundo afora dependem de polinizadores.
Abelhas são vida. Não podemos deixá-las à mercê de venenos!
Mãos à obra! Jules Dervaes não queria mais alimentar sua família com transgênicos e comida contaminada por agrotóxicos. Decidiu, então, tomar ele mesmo uma providência: transformou sua casa em Pasadena, na Califórnia, numa mini-fazenda.
Hoje, os Dervaes produzem 3 toneladas de alimentos orgânicos por ano, num espaço de apenas 400 m². É o suficiente para suprir 90% das suas necessidades e ainda sobra para faturar um extra vendendo para a vizinhança. Tem um quintal em casa? Que tal cultivar essa ideia?