Numa coisa o brasileiro é mais liberal do que o europeu: no uso de agrotóxicos – a gente não disse que era numa coisa boa. Às vezes, até 5 mil vezes mais, como no caso do nível máximo permitido de contaminação da água. No caso do feijão nosso de cada dia, a lei brasileira permite o uso de quantidades 400 vezes maiores do que na Europa.
É o que aponta o estudo comparativo “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, da pesquisadora Larissa Mies Bombardi, da USP. Dos 504 agrotóxicos de uso liberados no país, 30% são proibidos na União Europeia. De embrulhar o estômago.
Retrocesso indigesto: enquanto a União Europeia decidiu banir mais agrotóxicos de seu cardápio, o Congresso trama engrossar o nosso. A Comissão especial que analisa o Projeto de Lei 6299/02, conhecido como PL do Veneno, se reúne na próxima terça (dia 8), para decidir se o levará à votação no plenário.
Em nome de que arriscamos assim a nossa saúde? Já existem alternativas de produção de alimentos que não prejudicam tanto o nosso organismo e o meio ambiente. Ajude a impedir mais esse passo para trás, assinando a petição #ChegaDeAgrotóxicos.
Salada se tempera com azeite e vinagre, não com Benzoato de Emamectina. A substância, proibida no Brasil desde 2010, foi liberada no apagar das luzes do ano passado. E podem botar mais veneno em nossa mesa se o Projeto de Lei (PL) 6299/02, que flexibiliza a o uso de agrotóxicos no Brasil for aprovado no Congresso Nacional.
A comissão especial que analisa o PL do Veneno se reúne novamente hoje (15/5), para decidir se leva a votação ao plenário da Câmara. A sessão será transmitida a partir do meio-dia, veja aqui.
Acabou o primeiro tempo: o PL do Veneno vai à votação em Plenário. Os defensores do projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos no Brasil saíram na frente, mas ainda dá para virar o placar. Para isso, todos nós vamos ter que entrar em campo.
Temos um reforço de peso: a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), uma iniciativa popular que tem como finalidade implantar medidas para reduzir gradualmente o uso de pesticidas no país. Em nome de que vamos engolir calados um texto condenado por entidades como o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)?
Velocidade máxima: a próxima reunião de comissão especial da Câmara que analisa o PL do Veneno já foi marcada para segunda (25). Os ruralistas têm pressa, pois querem aprovar o projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos no Brasil antes das próximas eleições.
Enquanto isso, a Justiça anda em marcha lenta: há 5 anos a Syngenta e a Aerotex pulverizaram pesticida sobre uma escola em Goiás, contaminando 92 pessoas, e até hoje não foram punidas. Os interesses privados voam de jatinho e os da população, de teco-teco.