A febre do ouro faz mal à floresta. Um mapa interativo descortina o garimpo ilegal em seis países amazônicos – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela – e aponta os impactos socioambientais da atividade.
Elaborado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, o mapa faz saltar aos olhos 2.312 pontos e 245 áreas de extração de minerais. E indica Unidades de Conservação e Terras Indígenas, sob ameaça do garimpo. Pelo mapa, fica-se sabendo que a Venezuela é a campeã de pontos de mineração ilegal. O Brasil está sem segundo lugar. A febre é só o sintoma de uma doença. No caso, a cobiça.
Conseguimos deter o monstro. Mas por pouco tempo. A Justiça de Altamira (PA) suspendeu a licença de instalação do projeto de mineração Belo Sun. Esta aberração quer extrair ouro da região da Volta Grande do Xingu. O perigo que uma catástrofe ambiental das dimensões de Mariana se repita no coração da Amazônia é grande.
A decisão de pará-lo atende a um pedido de liminar da Defensoria Pública do Estado do Pará, mas vale só por 180 dias.
Temos agora uma corrida contra o tempo para detê-lo definitivamente.
Belo Sun é o filhote de Belo Monte, o monstro que “rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e secas os rios”, como diz o samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense.
“O belo monstro rouba as terras dos seus filhos/Devora as matas e seca os rios”. O samba-enredo da escola carioca Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval deste ano se presta a trilha sonora de filme-catástrofe. Filme, não. Série. Porque a segunda parte pode estrear a qualquer momento. O belo monstro a que a letra se refere é a hidrelétrica de Belo Monte. Mas outro monstrengo feioso, que só traz beleza em seu nome, ameaça o Rio Xingu: Belo Sun, empresa canadense de mineração que pretende extrair 108 toneladas de ouro da região da Volta Grande em 17 anos. E “Belo monstro II” pode se revelar no final uma refilmagem de outra monstruosidade: a tragédia de Mariana.
No início deste mês, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará autorizou a instalação do empreendimento. A Funai anunciou que recorreria da decisão e o Conselho Nacional de Direitos Humanos pediu a suspensão do projeto. Mas essas iniciativas certamente não irão fazer frente à sua voracidade.
Se quisermos impedir mais uma tragédia anunciada, precisamos estar juntos e nos armar – e informação é uma das melhores armas contra monstros como Belo Monte, Mariana e Belo Sun.
Não adiantaram o parecer técnico de reprovação da Funai ou as ações do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública do Pará. O governo do Estado liberou ontem a licença de instalação do projeto de mineração de ouro da Belo Sun na Volta Grande do Xingu, o novo monstro que será construído próximo à barragem de Belo Monte.
É perigo demais para tamanha vista grossa sobre o impacto do empreendimento para indígenas, garimpeiros e famílias agroextrativistas da região. E a história de Belo Monte não é nada digna de uma continuação.
30 \30\America/Sao_Paulo janeiro \30\America/Sao_Paulo 2017 | Belo Monte
Pode sair nos próximos dias a autorização do governo do Pará para o início da operação de um projeto bilionário de mineração de ouro na Volta Grande do Xingu, às bordas de Belo Monte. O monstro é canadense e atende pelo nome de Belo Sun.
A administração paraense atropela um parecer da Funai, que, por conta de falhas nos estudos de impacto aos povos indígenas da região, não aprovou o licenciamento da mineração.
Será que o governo do Pará vai trocar os direitos originários dos povos indígenas pela arrecadação milionária?