Drones monitoram danos na Amazônia

Drones monitoram danos na Amazônia

Tem estrago que só dá pra ver de cima. O Peru está usando aviões e drones para monitorar danos ambientais causados por mineiros e madeireiros ilegais na Amazônia. As imagens registradas não são nada bonitas. Embora o Brasil seja dono da maior parte da região, ela pertence a mais nove países – e o que acontece neles, pode influenciar em nossa fatia de floresta.

Os indígenas há muito sabe que a Amazônia é uma só. Por isso representantes de 400 povos formaram uma aliança para protegê-la. Somar novas tecnologias, saberes ancestrais e a união de todos é a melhor forma de preservar esse tesouro.

Via G1  e InfoAmazonia

Foto: Ministério da Defesa do Peru/AFP

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A mineração ainda ronda a Amazônia

A mineração ainda ronda a Amazônia

Da Serra Pelada, que tinha 150 m de altura, sobrou um lago de 24 mil m² e 200 m de profundidade contaminado por mercúrio. A extinção da Reserva Mineral de Cobre e seus Associados (Renca) voltou a ser discutida na Câmara e as leis que flexibilizam o licenciamento ambiental e as regras para a mineração continuam rondando o plenário. Convém seguirmos atentos. Os defensores da atividade argumentam que ela causa bem menos prejuízos ao meio ambiente do que a agropecuária. Pode até ser, mas ainda assim, os danos são consideráveis. 

“Hoje há discussão de que precisa flexibilizar o licenciamento. Mas o que precisa é de mais regras, não menos”, diz Daniela Gomes, da Fundação Getúlio Vargas. Na conta do estrago não costuma entrar, por exemplo, a explosão populacional das regiões exploradas e o descumprimento dos atenuantes previstos, como a recuperação das áreas devastadas. É preciso botar tudo na balança, pois há coisas que não têm conserto, nem nunca terão.

Via UOL

Foto: Sebastião Salgado

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Mineração também assombra o Jamanxim

Mineração também assombra o Jamanxim

Não é só na região da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), entre Pará e Amapá, que áreas protegidas estão sob ataque para beneficiar a mineração. A Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no sudoeste do Pará, também está na mira.

Depois de o governo apresentar ao Congresso, em caráter de urgência, o Projeto de Lei (PL) 8.107 para reduzir a proteção no Jamanxim, deputados ruralistas propuseram 12 emendas, ampliando a área afetada e tornando a proposta ainda pior: cerca de um milhão de hectares de áreas protegidas pode ser perdido – quase duas vezes o território do Distrito Federal. E quem serão os beneficiários? Invasores de terras públicas, desmatadores, madeireiros ilegais, garimpeiros e mineradoras.

As informações constam de nota técnica assinada por 11 redes e organizações ambientalistas: Grupo de Trabalho pelo Desmatamento Zero, Coalizão Pró-UC, Greenpeace Brasil, Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto Socioambiental (ISA), Rede Pró-UCs, The Nature Conservancy (TNC) Brasil e WWF-Brasil.

O texto original do PL pretendia reduzir a Flona do Jamanxim em 354 mil hectares, mas as emendas retalham mais três Unidades de Conservação. Na Flona do Jamanxim, dentro da área que se pretende transformar em APA – categoria de Unidade de Conservação que pode abrigar propriedades privadas e atividades agropecuárias – há 125 processos minerários. A parte da Flona de Itaituba II a ser transformada na APA Trairão contém 27 processos minerários, abrangendo 137.516 hectares ou 90% de sua área. A parte do Parna do Jamanxim a ser transformada na APA Rio Branco (101.270 hectares) apresenta cobertura florestal extremamente preservada (99%), mas sofre com atividade garimpeira ilegal. Entre os minérios mais procurados, estão o ouro e diamante.

Mais desmatamento e grilagem

De acordo com as organizações, se o PL for aprovado, o desmatamento na região alcançaria aproximadamente 202 mil hectares de floresta até 2030. Isso representaria uma emissão de aproximadamente 70 milhões de toneladas de gás carbônico. O Brasil estaria, literalmente, queimando US$ 350 milhões, tomando-se o valor de US$ 5 por tonelada de carbono que o Fundo Amazônia adota.

A justificativa do governo de que a redução da área atenderia a pequenos produtores rurais tampouco se sustenta. Na Flona Jamanxim, o tamanho médio das áreas requeridas para a regularização é de 1.700 hectares, ou seja, quase 23 vezes o que seria um lote de 75 hectares que caracteriza uma propriedade da agricultura familiar naquela região. Conforme a nota, as emendas ao PL representariam, ainda, um subsídio de pelo menos R$ 1,4 bilhão a grileiros, que poderiam regularizar áreas ilegalmente ocupadas por valores até 90% menores que os praticados no mercado.

Medidas Provisórias

Desde o final de 2016 Michel Temer vem tentando reduzir a Flona do Jamanxim, inicialmente através de Medida Provisória (MPs 756 e 758) e agora por projeto de lei. A novela das MPs, lançadas e vetadas por Temer, chegou a um final: na noite desta quarta-feira (31), o Congresso manteve o veto às medidas.

Foto: Greenpeace/Daniel Beltra

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E baixe o PDF com a nota técnica.

O buraco da mineração é mais embaixo

O buraco da mineração é mais embaixo

Quer que a gente desenhe o tamanho do estrago causado pela mineração a céu aberto e o que ganhamos em troca? O artista plástico Dillon Marsh fez isso na série “For What it’s Worth” (“Pelo Que Vale”). Nesta foto, a esfera no centro representa todo o cobre retirado dessa cratera na mina Palabore, na África do Sul. E o buraco é só o dano visível, pois a atividade ainda libera substâncias tóxicas na terra, no ar e na água. Vale a pena?

É uma imagem para ficar na cabeça quando o governo libera uma área do tamanho da Suíça na Amazônia para a exploração mineral, a Câmara se prepara para flexibilizar o licenciamento ambiental e a ameaça de Belo Sun ainda paira sobre o Xingu. Já pensaram numa tragédia de Mariana de proporções amazônicas?

Via Nexo

Foto: Dillon Marsh

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O lucro acima do bem-estar

O lucro acima do bem-estar

Diz a sabedoria popular, aquela que não costuma errar, que não se come dinheiro. Mas se é assim, por que adotamos um modelo de desenvolvimento que visa o lucro em detrimento do bem-estar comum? Precisamos mesmo produzir tanto assim? Na natureza não existe crescimento infinito. Então, de onde vem a nossa fome de crescimento? Não é da barriga roncando, por certo: segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comida – ou 1/3 do que é produzido por ano no planeta – vai para o lixo. Com apenas 1/4 do que é desperdiçado hoje seria possível alimentar as 870 milhões de pessoas que passam fome no mundo.

Não se discute a importância da agropecuária. Mas se há produção em excesso convivendo com a fome, então por que produzir mais? Além de ser a atividade que mais consome água (70% do total) no mundo, a agropecuária também é a que mais a contamina.  A agricultura entra com o vazamento de produtos químicos, e o uso de fertilizantes e pesticidas, que chegam aos lençóis freáticos. E há 20 anos, a pecuária vem tratando o gado à base de antibióticos e hormônios que, eliminados pelos organismos dos animais, penetram no solo e contaminam reservatórios.

Já tem mais smartphone e boi do que gente no Brasil: são 220 milhões de aparelhos em funcionamento e mais de 218 milhões de cabeças para uma população de cerca de 208 milhões. Por causa do desenvolvimento a qualquer custo, estamos sendo despejados do país, seja por causa de grandes obras de infraestrutura – como hidrelétricas – pela especulação imobiliária ou pela expansão da mineração e do agronegócio. O problema atinge campo e cidade. Só a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, desalojou mais de 40 mil pessoas e há 40 anos, o povo Assurini sofre os danos causados pela construção da Usina de Tucuruí, no Tocantins.

O Brasil perde cerca de 20% de toda energia que gera por causa de defeitos nas linhas de transmissão. Investindo na redução do desperdício e do consumo (principalmente o industrial e o residencial), seria possível evitar a construção de mais hidrelétricas. Na cidade grande, o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, mostrou que essa busca insaciável pelo lucro sequer segue a lei básica do mercado: são mais de 6 milhões de famílias, contra 7 milhões de imóveis vazios; ou seja, a oferta é maior do que a demanda. As grandes cidades incham artificialmente e, aos poucos, vão se tornando inabitáveis. É nesse ambiente que queremos viver?

O pior é que não há um vilão palpável nessa história. Quem toca as rédeas do mundo contemporâneo não são governos ou cidadãos, mas as grandes corporações, que agem como organismos vivos. Só que elas não têm alma. A Bayer se fundiu com a Monsanto: agora produz remédio e veneno ao mesmo tempo. Obedecem a uma única lógica: dar lucro a seus acionistas.  Não à toa, as grandes corporações são protagonistas dos maiores escândalos políticos,  crises econômicas e humanitárias e desastres ambientais do mundo nas últimas décadas. Esse lucro abstrato é prejuízo concreto para todos nós. Em nome de que estamos nos deixando guiar?

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