Todo dia era Dia do Orgulho LGBT+ para os povos indígenas

Todo dia era Dia do Orgulho LGBT+ para os povos indígenas

Qualquer maneira de amor vale a pena. Esta regra era aceita por boa parte dos povos indígenas das Américas, até a chegada do colonizador europeu, que lhes impôs seus costumes, preconceitos e tabus. Neste Dia do Orgulho LGBT+, vamos nos lembrar de mais essa lição de civilidade e tolerância que nos deixaram os habitantes originários de nosso continente.

Via Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

Foto: Pinterest

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Um alvo pintado no peito

Um alvo pintado no peito

É como se cada ambientalista no Brasil tivesse um alvo pintado no peito. Pelo quinto ano consecutivo, é aqui onde mais se matam pessoas que defendem o meio ambiente no mundo. Indígenas, ambientalistas, ativistas trabalhadores rurais, jornalistas: estão todos ameaçados na alça de mira. A ONG internacional Global Witness faz este levantamento desde 2002 e segundo o relatório divulgado na semana passada, nunca se matou tantos ambientalistas como em 2016: foram 200 assassinatos, 49 deles aqui. “Acreditamos que o número de mortes seja maior, nem sempre elas chegam ao conhecimento público”, desconfia Billy Kyte, da Global Witness. 

E essa presunção é reforçada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O órgão contabilizou 61 vítimas em 2016 entre lideranças comunitárias, indígenas, sem-terras, posseiros, trabalhadores rurais e quilombolas. Rondônia, Maranhão e Pará – todos parte da Amazônia Legal – foram os estados mais violentos em 2016, de acordo com a CPT. “A causa está na expansão do agronegócio, construção de grandes obras de infraestrutura como barragens e hidrelétricas, ferrovias”, diz Thiago Valentin, da secretaria nacional da CPT. Somente a retomada dos processos de demarcação de terras indígenas e quilombolas e um pé no freio desse modelo de desenvolvimento insustentável podem deter essa escalada de violência.

Por enquanto, as perspectivas não são nada boas. Este ano, em menos de um mês, dois massacres foram registrados também no Maranhão e no Pará: os índios Gamela em Viana, e os trabalhadores rurais na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, respectivamente. No Maranhão, foram 13 mortos e no Pará, dez trabalhadores executados por policiais. E, infelizmente, tem mais gente na “lista da morte”. Na dia 7, outra liderança foi assassinada em Pau D’Arco. Na Bahia, dois líderes quilombolas foram assassinados este mês, em menos de uma semana.

Isso fez com que a CPT, a Justiça Global e a Terra de Direitos solicitassem que o Governo Federal incluísse essas pessoas no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Num evento recente no Senado, o relator da ONU para o Meio Ambiente John Knox afirmou que os “direitos humanos e a conservação do meio ambiente são interdependentes. Não existe um sem o outro”. Além de Knox, o ministro do STJ, Herman Benjamim, também chamou atenção para a existência do princípio da proibição de retrocesso. “Os parlamentares podem mudar a legislação ambiental, mas nunca para reduzir o patamar de proteção. Se tirar 20% de uma área, é preciso adicionar mais 30%, 40%. Esse princípio forma o sistema constitucional brasileiro e leis aprovadas seja pelo Congresso Nacional, pela Assembleia Legislativa ou pelas Câmeras Municipais têm que passar por esse teste – sob o risco de serem declaradas inconstitucionais pelos juízes”, disse Benjamim.

Mas em vez de o governo prezar pela proteção dos mais vulneráveis, aprova medidas que os ameaçam ainda mais. Como é o caso da aprovação da MP 759, a MP da Grilagem, que facilita a legalização de terras invadidas e que pode resultar em mais desmatamento e mais violência no campo. Os defensores da MP alegam que ela vem corrigir uma grande dívida histórica fundiária do governo brasileiro. Entretanto, a maior dívida do Estado é com povos indígenas e demais populações tradicionais, cujos muitos territórios ainda não foram reconhecidos. Mesmo que tenham prioridade legal para essa regularização, o ritmo de demarcação foi drasticamente reduzido desde 2010. No momento, há 45 terras indígenas na Amazônia em processo de reconhecimento, sendo que parte dessas em estágio avançado e que já poderiam ter sido demarcadas.

Mais informações:

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Garimpo ilegal está contaminando e pode matar índios Yanomami

Garimpo ilegal está contaminando e pode matar índios Yanomami

Davi Kopenaw voltou a ONU para denunciar os perigos enfrentados pelos índios no Brasil, principalmente os Yanomami, como fez nos anos de 1980. Naquela época, ele denunciou a invasão de mais de 40 mil garimpeiros em Terras Indígenas, que resultou na morte de aproximadamente 20% dos índios da região por malária, fome ou vítimas de impactos causados pela mineração.
Na semana passada, na convenção da ONU em Genebra na Suíça, a liderança Yanomami voltou a denunciar novos garimpos ilegais feitos em terras demarcadas. Além disso, a carta assinada por mais de 30 organizações indígenas denuncia também a atual situação da saúde dos seus povos, os ataques vividos por eles e os cortes na Funai feitas pelo governo de Michel Temer.
Leia a entrevista com Davi Kopenaw: https://bit.ly/2q8iiQW

Via: El País
Foto: Bruno Kelly (Reuters)

O etnocídio, Martírio, em cartaz

O etnocídio, Martírio, em cartaz

O filme “Martírio”, de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida mostra a resistência ao genocídio dos índios Guarani Kaiowá. O documentário, que está em cartaz em salas de cinema de diversas capitais do país, denuncia o massacre e a violência contra os povos indígenas.

Em uma entrevista ao jornal Porantim e divulgada pelo site Conselho Indigenista Missionário, o cineasta francês contou como se dá sua relação de meio século com os indígenas, como começou essa história e sobre a gravação do documentário. 

Leia a entrevista completa.

Confira também o trailer do documentário “Martírio“.

O sagrado vínculo entre as águas e os povos tradicionais

O sagrado vínculo entre as águas e os povos tradicionais

Sagrado. É assim que os povos tradicionais veem os rios. Os rios que alimentam também purificam e renovam. Mas para isso, eles precisam ser livres. No entanto, nossas águas são castigadas por agrotóxicos, fertilizantes, pelos esgotos sem tratamento e pelos metais despejados por grandes empresas, refinarias e garimpeiros ilegais. Passamos do mês da água para o mês dos indígenas, que sempre se dedicaram a cuidar dos nossos recursos naturais e que hoje lutam por seus direitos e buscam um diálogo maior com o governo federal.

Durante o Fórum Mundial da Água, realizado em março, em Brasília, o IBGE divulgou um estudo sobre a importância dela para o PIB. Segundo a análise, o Brasil consumiu o equivalente a 35,4 bilhões de caixas d’água (de 1 mil litros cada) para produzir o PIB do ano de 2015. Esse montante diz respeito a toda a água consumida por famílias, governo e empresas naquele ano para gerar os R$ 5,9 trilhões correspondentes ao PIB em valores correntes. Isso significa que, na média geral, para cada mil litros (m³) de água que consome, a economia brasileira gera R$ 169. Essa relação funciona como um indicador de eficiência hídrica, onde é mais eficiente quem consome menos água para gerar mais riqueza. O setor de eletricidade e gás foi o mais eficiente, gerando R$ 846 para cada m³ consumido. Já a agropecuária foi apontada como o setor menos eficiente no uso do recurso, gerando R$11 a cada mil litros consumidos.

Os setores econômicos captam água diretamente do meio ambiente para suas atividades: 95,7% da água usada nas indústrias de transformação e construção são captados diretamente da natureza. Praticamente o mesmo ocorre nas indústrias extrativas (99,3%) e na agropecuária (96,6%). Já entre as famílias, 91,1% da água vem das empresas de captação, tratamento e distribuição.

Encerramos o mês dedicado às águas e iniciamos o mês dedicado aos povos indígenas. Eles que trazem consigo conhecimentos profundos sobre nossas águas, que têm reverência pelos rios e sabem cuidar como ninguém da nossa natureza. Estes povos, tão importantes na nossa história, na nossa preservação e na tentativa de buscar um caminho para o futuro, se sentem ameaçados e acuados. Mais que isso: eles sentem na pele a falta de diálogo com um governo que adota medidas administrativas e jurídicas para restringir seus direitos.

Para dialogar sobre a situação dos povos tradicionais, principalmente os indígenas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) convoca etnias do Brasil inteiro, organizações indigenistas e a sociedade civil, para a maior mobilização nacional do ano – o Acampamento Terra Livre (ATL) que será realizado em Brasília – DF, entre os dias 23 a 27 de abril de 2018.

Saiba mais:

Brasil consome o equivalente a 35,4 bi de caixas d’água para produzir PIB de um ano

Apib divulga a convocatória do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018

Legado do Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília, é excelente

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