As mudanças climáticas estão causando desencontros. As altas temperaturas aliadas à baixa incidência de chuvas estão prejudicando a sincronização entre a época de floração e a de voo das borboletas. É o que descobriram pesquisadores da Universidade Autônoma da Barcelona. O encontro da borboleta com a flor não é só belo, como essencial para o ciclo da natureza. Elas vivem em simbiose perfeita: a planta fornece alimento para o inseto, que em troca ajuda na sua reprodução. Isso pode causar a extinção de espécies. Ou a gente esfria o planeta ou a coisa vai ferver pro nosso lado. Via Globo Rural Foto: Pixabay Saiba mais: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2016/07/flores-e-borboletas-ja-nao-aparecem-ao-mesmo-tempo-devido-mudanca-climatica.html
Segundo o “State of the Climate”, relatório anual sobre o clima, alguns recordes preocupantes foram quebrados no ano passado. Temperatura, nível dos oceanos e emissões de gases do efeito estufa atingiram as maiores marcas da história moderna. Também foi um ano de extremos: as temporadas de chuva e de seca foram as mais severas dos últimos anos. O documento de 300 páginas, divulgado no começo da semana, foi produzido por 450 cientistas. E o pior é que, ao que tudo indica, 2016, ano olímpico, promete quebrar novamente esses recordes. Via G1 Foto: LikeFotos Saiba mais: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/08/temperaturas-efeito-estufa-e-nivel-do-mar-atingiram-niveis-recordes-em-2015.html
O ar-condicionado é um remédio com sérios efeitos colaterais: ao mesmo tempo em que reduz a temperatura dentro de casa, faz subir a do planeta. O gás que faz o eletrodoméstico funcionar, o HFC, é um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa. Felizmente, os líderes mundiais estão perto de assinar um acordo histórico para a redução de seu uso. As mudanças climáticas pautaram uma importante reunião em Viena, na Áustria, no último fim de semana. Tivemos avanços consideráveis sobre o tema. O próximo encontro será em outubro, em Ruanda. Parece que finalmente estamos tomando juízo. Uma notícia a se comemorar. Via Observatório do Clima Foto: Shutterstock Saiba mais: https://www.observatoriodoclima.eco.br/acordo-sobre-gas-de-ar-condicionado-pode-ajudar-a-resfriar-o-planeta/
A 23ª Conferência do Clima (COP 23), que ora se realiza em Bonn, na Alemanha, tinha tudo para ser morna, mas vai acontecer em meio ao calor dos acontecimentos. Espera-se que vá para além de Paris e para lá de Marrakesh, que sediaram as duas últimas, já que às vésperas de sua abertura caiu uma pauta-bomba no colo dos líderes mundiais: a oitava edição do Relatório da ONU Meio Ambiente Sobre a Lacuna de Emissões. O estudo conclui que mesmo se os 195 países signatários do Acordo de Paris zerarem as suas metas, só será feito um terço do necessário para combater as mudanças climáticas. E pede uma revisão imediata.
Nessa pegada, é muito provável que haja aumento da temperatura média global de pelo menos 3°C até 2100. E os verões podem ficar ainda mais quentes caso os Estados Unidos de Trump, contrariando o bom senso e até mesmo estudos do próprio governo, realmente deixem tratado em 2020.
O planeta perdeu o equivalente a uma Nova Zelândia em áreas florestais no ano passado. E perdeu boa parte para o fogo: o aumento de 51% em relação a 2015 se deu, principalmente, por causa de incêndios – de acordo com um relatório da Global Forest Watch, divulgado no fim de outubro. E floresta queimada é mais CO2 na atmosfera. Também em 2016, a concentração mundial de CO2 atingiu o nível mais alto dos últimos 800 mil anos, segundo divulgou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) no último dia 30. O aumento nas últimas sete décadas não tem precedentes na História da Humanidade. As concentrações de CO2 estão 145% mais altas do que em níveis pré-industriais (antes de 1750): chegaram a 403,3 partes por milhão em 2016, contra 400 em 2015.
Os efeitos das mudanças climáticas também já afetam nossa saúde. E mais: conforme um estudo internacional publicado em 31 de outubro na revista médica “The Lancet”, elas podem levar a medicina a regredir 50 anos e causar danos irreversíveis. Além das 18 mil pessoas que morrem por dia por causa da poluição, somos afetados de diversas maneiras, mesmo indiretamente. Por exemplo: o aumento de 1°C na temperatura, faz a produção de trigo cair 6% e a de arroz, 10%. Menos comida, mais gente desnutrida. Nas últimas semanas, a COP 23 ganhou mais pano paras as mangas.
Ocaso brasileiro
O Brasil levava como trunfo à conferência a alardeada redução de 16% na taxa de desmatamento este ano – mesmo que todos já saibam que a área desmatada, 6.624 km², ainda é 70% maior do que determina a lei brasileira de clima, que o desmatamento deve cair para 3.900 km² por ano até 2020. Mas, com o incêndio que devastou há semanas o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e deixou ainda mais evidente o seu descaso com a natureza, o país chega à Alemanha com o filme mais queimado do que nunca. Ao cortar o orçamento do Ministério do Meio Ambiente pela metade, enfraqueceu órgãos como o Ibama, atingindo diretamente o trabalho de fiscalização contra invasões e prevenção e combate a incêndios.
O novo 7 x 1 se sacramentou com o lançamento do novo relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Segundo a pesquisa, o Brasil realizou a façanha de se tornar a única grande economia do mundo a aumentar o nível de poluição sem crescer. Emitimos 8,9% a mais de gases do efeito estufa em 2016 do que em 2015. É o nível mais alto desde 2008, o que nos garante a sétima posição entre os maiores poluidores do planeta. Este crescimento se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia em 2016, mas o agronegócio é o seu principal motor, respondendo por 74% das emissões. Se fosse um país, o setor seria o oitavo maior poluidor do mundo, à frente do Japão.
O agronegócio é também o segmento que mais atua no sentido de restringir demarcações, invadir e extinguir terras indígenas e quilombolas – que são comprovadamente barreiras verdes ao desmatamento e, por consequência, fundamentais para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, o Brasil foi, ao lado da Indonésia, o país que mais perdeu cobertura florestal em 2016. Enquanto China e Europa dão uma guinada para a economia sustentável, em agosto rescindimos o contrato para a construção de 16 parques eólicos e nove usinas solares, que gerariam 557 megawatts de energia limpa, para investir em termelétricas e combustíveis fósseis. Quer dizer, investir não é bem o termo, pois está prestes a ser votada no Congresso uma MP que dará de presente à indústria de petróleo nada menos do que R$ 1 trilhão em subsídios.
Soluções à vista e a prazo
Apesar dos pesares, políticos e especialistas não vão começar do zero em busca de saídas. Mesmo que faça projeções sombrias, o relatório da ONU Meio Ambiente traz soluções concretas e baratas. Nas áreas de agropecuária, construção civil, geração de energia, indústria, transporte e silvicultura, investimentos em tecnologia poderiam reduzir a emissão de 36 giga toneladas de CO2 por ano até 2030. E os custos seriam realmente pequenos — menos de US$ 100 por tonelada de CO2 não liberada. Mas é preciso começar essa transição em dois anos – ou seja, é para ontem. É preciso vontade política e fazer pressão. Os alemães sabem disso e mostraram do que são capazes em Hamburgo, no encontro do G20 no ano passado. As manifestações no país já começaram e está agendada para o dia 11, em Bonn, a principal delas, puxada por um coletivo de movimentos e organizações.
Como transformar riquezas em fumaça: o Brasil se tornou a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem crescer. Segundo o novo relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), poluímos a atmosfera 8,9% a mais em 2016 do que em 2015. É o nível mais alto desde 2008, o que nos garante a sétima posição entre os maiores poluidores do planeta.
Este crescimento se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia, mas o agronegócio é o seu principal motor, respondendo por 74% das emissões. Se fosse um país, o setor seria o oitavo maior poluidor do mundo, à frente do Japão. Nem a crise detém nosso descaso com o meio ambiente.