Onda, onda, olha a onda! O aumento de 5 a 10 centímetros no nível do mar pode mais que duplicar a frequência de inundações nas regiões litorâneas já em 2030. E isto pode acontecer mesmo se o Acordo de Paris for cumprido e a temperatura média aumentar no máximo 1,5 ºC.
Essas são as conclusões de um estudo da Universidade de Illinois, nos EUA. Segundo a pesquisa, a frequência e o impacto das inundações serão maiores justamente onde a alteração do nível da água tende a ser menor, como nas regiões tropicais.
No Brasil, a elevação do nível do mar deve aumentar a frequência de inundações especialmente no Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A ONU está promovendo esta semana uma conferência para implementar o Acordo de Paris sobre o clima. Os encontros acontecem no momento em que os principais indicadores do aquecimento global estão mais alarmantes do que nunca: 2016 foi o ano dos recordes!
A temperatura do planeta aumentou pelo terceiro ano consecutivo; a concentração de gases do efeito estufa também subiu consideravelmente; o degelo nos polos estão entre os maiores da história, o que fez com que o nível dos oceanos subirem 30% mais rápido; e a Grande Barreira de Corais da Austrália sofreu perdas irreparáveis.
Reduzir as emissões de gases do efeito estufa é tarefa para ontem. Estamos em contagem regressiva: caso os níveis atuais de emissões de CO2 se mantenham, em quatro anos podemos chegar ao limite de aumento de temperatura média global estabelecido pelo Acordo de Paris. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) criou um índice chamado orçamento de carbono. Ele serve para medir a quantidade do gás que podemos emitir sem que os termômetros subam acima da casa de 1,5º C. Pois bem, nosso orçamento está estourando. Os dados de 2016 fizeram disparar o alarme.
O IPCC (do inglês Intergovernmental Panel on Climate Change) é um organismo da ONU criado em 1988 por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Seu objetivo principal é divulgar estudos sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas e as suas consequências sobre o planeta. Em 2007, a entidade dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o ambientalista e ex-vice-presidente americano Al Gore.
O orçamento de carbono é uma medida com três limites para o aumento da temperatura média global: 1,5º C, 2º C ou 3º C acima dos níveis pré-industriais. De acordo com a quantidade de emissão do gás, foram estabelecidas três porcentagens de que esses números sejam ultrapassados: 66%, 50% e 33%. O Acordo de Paris estabeleceu o aquecimento global em 1,5º C. Ou seja, a continuar nesse ritmo, há 66% de chances que em 2021, o primeiro ano de vigência do tratado, esta meta já esteja vencida.
Intervenção divina. Em um encontro com mandachuvas das principais empresas de petróleo e gás do mundo, o Papa Francisco cobrou respeito ao meio ambiente. O Sumo Pontífice lembrou que dois anos e meio depois da assinatura do Acordo de Paris, as emissões de CO2 “continuam muito altas”.
“A civilização exige energia, mas o uso de energia não deve destruir a civilização”, disse ele. Hoje, até o papamóvel é elétrico. Ou seja, é um exemplo vem de cima.