O Ministério Público Federal (MPF) denunciou ontem 21 pessoas da Samarco, da Vale e da BHP Billiton, por homicídio com dolo eventual pelo rompimento da barragem de Fundão, que causou a tragédia de Mariana. As três empresas, por sua vez, foram denunciadas por crime ambiental de poluição e contra a fauna, a flora e o ordenamento urbano. No próximo dia 5 de novembro, o maior desastre ambiental do Brasil completa um ano. A data virá para mostrar que o Brasil não esqueceu.
Pesadelo sem fim. Uma barragem quatro vezes maior do que a do Fundão, que matou 19 pessoas e o Rio Doce, pode ser construída em Minas Gerais. Não bastasse isso, os moradores de Conceição do Mato Dentro já sofrem com seca do Rio Santo Antônio e estão recebendo ameaças de morte.
O projeto foi idealizado por Eike Batista, repassado a uma grande mineradora sul-africana e conta com o apoio do governo mineiro. Parece que a tragédia que se abateu sobre a região de Mariana não serviu nem de lição.
Uma “fatalidade” sobre a qual não se tem controle. É assim que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, vê o maior desaste ambiental do Brasil, o rompimento da barragem da Vale/Samarco, em Mariana. Morreram 19 pessoas e o Rio Doce, e vilas inteiras foram destruídas. E não foram vítimas do azar, como ele quer, mas do descaso, da irresponsabilidade, da cobiça e da negligência.
Este mesmo governo quer abrir uma área do tamanho da Suíça na Floresta Amazônica para a mineração e flexibilizar o licenciamento ambiental. Coelho Filho deu sua declaração infeliz num encontro com investidores americanos, em Nova York. E disse isso justamente para defender a extinção da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca). Vamos confiar a Amazônia, a nossa maior riqueza, o futuro das novas gerações, nas mãos de pessoas que pensam assim?
Um Pão de Açúcar de lama. Esta foi quantidade de rejeitos tóxicos que vazou da Barragem do Fundão na região de Mariana, em Minas Gerais. Ou 43,7 milhões de m³ de irresponsabilidade, que mataram o Rio Doce e 19 pessoas. O desastre aconteceu em novembro de 2015 e a previsão inicial era que a região estivesse limpa até dezembro de 2016. Estamos em julho de 2018 e a Fundação Renova, criada especialmente para esse serviço de limpeza, entrou com um pedido de prorrogação do prazo até novembro de 2019.
Recentemente, Samarco, Vale e BHP conseguiram um novo acordo com as autoridades, e se livraram de uma multa pesada. Os moradores da região reclamam que não foram consultados. Então, ele foi feito em nome de quem?