Não há como esquecer Mariana
Más notícias continuam a correr pelo leito do Rio Doce, e as últimas são especialmente preocupantes. O descaso da Vale/Samarco não se resume à tragédia em si, mas também às providências desastradas que a empresa vem tomando na tentativa de minimizar seus efeitos. Em Barra Longa, a emenda tem saído bem pior do que o soneto: a lama que atingiu o centro se espalhou por toda a cidade, vazando dos caminhões da empresa. “Não veio lama aqui para atingir assim, não. Eles trouxeram do centro da cidade para cá e foram colocando aí aonde está provocando todo este problema”, conta a moradora Geralda de Paula Gonçalves, de 66 anos.
A lama seca, vira poeira e se espalha mais ainda. O estudo “Avaliação dos Riscos em Saúde da População afetada pelo Desastre de Mariana”, feito pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS), relaciona o desastre com o aumento da incidência de diversas doenças na região. E este pode ser apenas o começo de uma epidemia.
Aproveitando-se do caos político que tomou conta do país, a bancada ruralista ameaça afundá-lo definitivamente na lama. A ideia é aprovar na surdina o Projeto de Lei (PL) que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental.
No começo do mês, Michel Temer havia se comprometido a mandar para votação o texto do Ministério do Meio Ambiente, elaborado depois de um ano de discussão com outros ministérios e com o setor produtivo. Entretanto, em pleno cai-não-cai de Temer, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Nilson Leitão (PSDB-MT), protocolou o PL relatado pelo deputado ruralista Mauro Pereira (PMDB-RS), apelidado de “licenciamento flex”. Caso seja aprovado, a tragédia de Mariana pode se espalhar como um vírus. É preciso resistir!
Saiba mais sobre a manobra ruralista: https://www.observatoriodoclima.eco.br/temer-balanca-e-licenciamento-flex-avanca/
Leia sobre o drama de Barra Longa: https://www.mabnacional.org.br/noticia/samarco-desaloja-fam-lias-18-meses-depois-do-crime-0
E baixe o estudo do ISS: https://www.greenpeace.org.br/hubfs/Campanhas/Agua_Para_Quem/documentos/RelatorioGreenpeace_saude_RioDoce.pdf