O planeta azul está cinza como nunca. Em 2016, a concentração mundial de dióxido de carbono (CO2) atingiu o mais alto nível dos últimos 800 mil anos. O aumento nas últimas sete décadas não tem precedentes na História da Humanidade. Os dados foram divulgados ontem (30/10) pela World Meteorological Organization, e certamente vão influenciar a próxima Conferência do Clima (COP-23), em novembro, na Alemanha.
As concentrações de CO2 estão 145% mais altas do que em níveis pré-industriais (antes de 1750): chegaram a 403,3 partes por milhão em 2016, contra 400 em 2015. Isso graças a uma combinação explosiva da mão humana com o El Niño. Somos impotentes contra fenômenos naturais, mas podemos fazer a nossa parte.
Que tal lucrarmos 70 bilhões de dólares até 2030? Para isso precisamos reduzir o desmatamento e, assim, ganharmos créditos de carbono florestais.
Mas o que significa isso? A partir de 2020, quando o Acordo de Paris entrar em prática, o Brasil poderá usar suas florestas como commodities, ou seja, matéria prima. Mas para isso precisamos ter florestas de pé. Assim, cumprimos nossas metas no Acordo e ainda lucramos.
O estudo foi feito pela Environmental Defense Fund (EDF), baseado em estimativas de preços futuros do carbono. Uma das importantes fontes de receita dessa equação é o REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).
Esse mecanismo foi criado para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal. Entre eles estão a conservação e o aumento de estoques de carbono florestal e o manejo sustentável de florestas.
Os pagamentos são realizados de acordo com o volume de redução que a atividade promoveu, medidos em toneladas de CO2.
Como transformar riquezas em fumaça: o Brasil se tornou a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem crescer. Segundo o novo relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), poluímos a atmosfera 8,9% a mais em 2016 do que em 2015. É o nível mais alto desde 2008, o que nos garante a sétima posição entre os maiores poluidores do planeta.
Este crescimento se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia, mas o agronegócio é o seu principal motor, respondendo por 74% das emissões. Se fosse um país, o setor seria o oitavo maior poluidor do mundo, à frente do Japão. Nem a crise detém nosso descaso com o meio ambiente.
Uma bomba climática. Um estudo inédito para descobrir como o calor afeta o solo da floresta, realizado ao longo de 26 anos, revelou uma consequência preocupante: as mudanças climáticas fazem com que ele libere dióxido de carbono na atmosfera. E este processo que pode se tornar incontrolável, tornando o planeta cada vez mais quente.
A pesquisa foi realizada pelo Marine Biological Laboratory (MBL), da Universidade de Chicago, na Floresta de Harvard, em Massachusetts (EUA), e publicado na revista Science. “Se uma quantidade significativa desse carbono do solo for adicionada à atmosfera, devido à atividade microbiana, isso acelerará o processo de aquecimento global. E uma vez que este processo começa, não há nenhuma maneira de desligá-lo”, disse Jerry Melillo, do MBL. Ou seja, não adianta nem tirar a tomada; tem é que correr para reverter o efeito.
Intervenção divina. Em um encontro com mandachuvas das principais empresas de petróleo e gás do mundo, o Papa Francisco cobrou respeito ao meio ambiente. O Sumo Pontífice lembrou que dois anos e meio depois da assinatura do Acordo de Paris, as emissões de CO2 “continuam muito altas”.
“A civilização exige energia, mas o uso de energia não deve destruir a civilização”, disse ele. Hoje, até o papamóvel é elétrico. Ou seja, é um exemplo vem de cima.