Ninguém recicla garrafa de plástico como os noruegueses: a taxa em 2016 foi de 97%, o que dá 600 milhões de unidades. Para se ter uma ideia, no Brasil essa porcentagem é de 50%.
O segredo: pagar o consumidor pela devolução. Isso é feito de forma automática, em máquinas instaladas nos estabelecimentos comerciais. Quem entra com o dinheiro é o próprio fabricante de bebidas que, em compensação, ganha um desconto no imposto. Com incentivo, desce mais fácil.
As florestas tropicais da Terra são uma dádiva insubstituível.
As florestas sustentam a biodiversidade ilimitada, um clima equilibrado, e as culturas e comunidades de povos indígenas que nelas vivem. Geram ar fresco e chuvas que regam a Terra. São espetaculares e vitais para todas as formas de vida.
As florestas estão em grave perigo.
Nós, povos de muitas confissões e espiritualidades, nos reunimos em Oslo para ouvirmos o grito das florestas tropicais da Terra, de sua flora e fauna, dos povos que as habitam. Somos indígenas, cristãos, muçulmanos, judeus, hindus, budistas, taoístas, acompanhados por cientistas que compartilham conosco e nos fazem apreciar o mais profundo apreço pelo milagre das florestas. Viemos de 21 países – da Amazônia, das florestas da Indonésia, da Bacia do Congo, América Central, Sul e Sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico, também dos Estados Unidos, Canadá, Europa e China. Embora venhamos de diversos lugares, reconhecemos que somos uma única família humana, compartilhamos uma única Terra.
Estas florestas gloriosas tornam nossas vidas possíveis. Proporcionam ar limpo e água em abundância. Armazenam carbono e estabilizam o clima ao redor do globo. Fornecem casa, alimentos, remédio e subsistência a centenas de milhões de pessoas. Dependem da saúde e do bem-estar de seus habitantes e indígenas, da mesma maneira que estas pessoas e todos nós dependemos das florestas. Estamos interconectados: humanidade e florestas, povos e planeta. Se as florestam prosperarem, nós prosperaremos. Sem as florestas, todos pereceremos.
Durante o tempo que passamos juntos, falamos de maneira franca. Reconhecemos que o estilo de vida e consumo desenfreado do Norte Global, assim como sistemas financeiros irresponsáveis, devastam a etnosfera e a biosfera das florestas tropicais. Ouvimos relatos de perseguição e assassinato de povos indígenas e daqueles que protegem as florestas. Soubemos que há governos que não estão dispostos a aprovar ou aplicar as leis necessárias para garantir o futuro das florestas tropicais e os direitos e tradições daqueles que continuam a ser seus guardiões.
Estas realidades são assustadoras. Esta destruição é errônea. À medida que formamos uma comunidade, tornando-nos uma dentre muitas, floresceu uma determinação.
Não permitiremos que isto aconteça.
Juntos, afirmamos a dádiva da vida, nossa reverência ao nosso lar comum e à milagrosa manifestação que as florestas tropicais materializam. Afirmamos que somos todos cuidadores das florestas tropicais da Terra, assim como as florestas cuidam de nós. Assumimos a responsabilidade pela decorrente ação contínua.
Nos comprometemos a formar uma aliança internacional multirreligiosa em prol das florestas tropicais, voltada para o cuidado destas florestas e das pessoas que as protegem e habitam.
Nos engajamos a mobilizar nossas comunidades religiosas e espirituais.
Formaremos nossos líderes e instruiremos nossos seguidores quanto à necessidade urgente de proteger as florestas tropicais, compartilhando os conhecimentos tradicionais e da ciência em prol da verdade, conscientes de que sem a proteção, a recuperação e o manejo sustentável das florestas, não podemos salvar a Terra das destruições provocadas pela mudança climática.
Defenderemos a restauração das florestas e os direitos dos povos indígenas, compartilhando com líderes governamentais e empresariais que proteger as florestas é um dever moral e que falhar é um crime contra a própria vida. Apoiaremos povos indígenas e das florestas para que possam ter seus direitos reconhecidos e garantidos, incluindo o consentimento livre, prévio e informado para o desenvolvimento em seus territórios, o acesso a recursos financeiros para a proteção permanente das florestas tropicais e o fim da criminalização dos protetores da floresta, assim como a garantia de sua segurança.
Mudaremos nossos próprios estilos de vida, incluindo nossos padrões alimentares e de consumo, aprendendo a viver em harmonia com as florestas tropicais.
Por fim, nos comprometemos a continuar trabalhando juntos, a fortalecer nossa determinação e a agirmos com coragem nos próximos meses e anos.
Um espírito de compaixão e verdade nos acompanha desde que nos encontramos. Este espírito desperta esperança. Está nos chamando.
Ouvimos juntos e aprendemos juntos. Através desta declaração, falamos com uma única voz. Agora, agiremos juntos. Pelo bem das florestas tropicais e das pessoas que nelas habitam, pelo futuro do planeta, nos comprometemos a responder.
Enquanto o Brasil oficial fica mal na foto na Noruega, o Brasil real salva a pátria. As ações do governo podem levar o país a perder o dinheiro norueguês do Fundo Amazônia, que financia o combate ao desmatamento. O país foi duramente criticado pelo ministro do Meio Ambiente norueguês, Vidar Helgesen. Ao mesmo tempo, lideranças indígenas como Sonia Bone Guajajara (foto), coordenadora da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, têm voz ativa da Iniciativa Ecumênica de Oslo para as Florestas Tropicais.
O evento reúne líderes religiosos e representantes dos povos tradicionais, para buscar estratégias em comum para proteção das florestas. Se aqui o governo não lhes dá ouvidos, os indígenas estão se tornando referência jundo aos donos do dinheiro quando o assunto é desenvolvimento sustentável e preservação da natureza.
Quando a gente vai se tocar que #MexeuComÍndioMexeuComClima?
Na semana que passou comemoramos O Dia Internacional do Meio Ambiente e também o Dia Mundial dos Oceanos. Ficamos cientes de dados como as 8 milhões de toneladas de plástico que são descartadas no mar todos os anos. E vimos também que, se até 2050 nada for feito com relação isso, teremos mais plástico do que peixes nos mares.
Na última semana, o presidente americano Donald Trump deixou o Acordo de Paris, o que pode atrapalhar o objetivo do tratado e não reduzir as mudanças climáticas como se esperava. Um dos reflexos deste fenômeno é o aumento da temperatura no planeta, que coloca em risco principalmente a Antártica e o Ártico, causando, entre outros problemas, o derretimento de geleiras. Isso pode causar a elevação do nível dos oceanos e fazer desaparecer lugares como as Ilhas Maldivas, onde o presidente fez um apelo para que Trump não abrisse mão do acordo.
Mas voltando ao Ártico. As consequências das mudanças climáticas por lá são mais fortes e muitas vezes sentidas primeiro do que em outros locais do planeta.
Recentemente, o banco mundial de sementes, criado pela Noruega e que fica no extremo norte no país, na região do Ártico, foi parcialmente inundado por conta do derretimento do permafrost (o solo da região ártica, uma camada de gelo que, ao menos em tese, não deveria derreter). Felizmente, nada se perdeu e o governo norueguês já divulgou um plano para conter possíveis futuros acidentes causados principalmente pelas mudanças climáticas na região.
Estudos mostram que a diminuição da cobertura de gelo no Ártico, foi de 74% entre 2009 e 2016, como divulgou o secretário-geral da Organização Mundial Meteorológica, Petteri Taalas. A área congelada é a menor já registrada por satélite, em quase quatro décadas, em pleno inverno na região, segundo a NASA.
Abaixo, o vídeo feito pela própria NASA mostrando as mudanças na formação de gelo na região do Ártico:
A perda de cobertura de gelo está afetando o ecossistema na região, como o tempo de florescimento dos fitoplânctons, os organismos microscópicos que estão na base da cadeia alimentar marinha. Além disso, os ursos polares, morsas, baleias e outros animais dependem do gelo marinho para sobreviver.
Quem está se beneficiando por esse degelo é o homem, o principal causador dele. Com a diminuição da área congelada, aumenta a invasão humana, expandindo atividades como a pesca, o turismo, o transporte a até a exploração de petróleo na região. Japão, China e Coreia do Sul anunciaram que se uniram para um estudo científico conjunto no oceano Ártico para preparar o terreno para a abertura de novas rotas de transporte e exploração de recursos.
No norte do Canadá, o aumento das temperaturas está fazendo com que as estradas de gelo formadas no longo e denso inverno da região se formem mais tarde que o habitual e derretam antes do esperado. Essas estradas são importantes para o transporte de combustível, madeira, diamantes e carcaças de alce para as minas e comunidades remotas da região.
As pessoas que vivem por lá esperam ansiosamente pelo inverno para que as estradas de gelo, que são a sua única garantia de sobrevivência, deem acesso às comunidades isoladas. Esta crise está se tornando uma questão de vida ou morte. Algumas dessas comunidades quase ficaram sem óleo diesel para manter as luzes acesas porque as estradas de gelo foram abertas semanas mais tarde.
Outro dado alarmante é que o derretimento o solo do ártico está liberando antigos vírus e bactérias que, depois de ficarem tanto tempo “dormentes”, voltam à vida e podem acabar causado grandes epidemias.
Conforme a Terra vai aquecendo, mais camadas do permafrost vão derretendo. Normalmente. cerca de 50 cm das camadas mais superficiais desse solo derretem no verão. Mas com o aquecimento global, camadas mais profundas e antigas têm derretido também, liberando esses vírus e bactérias.
E não apenas esses microrganismos são uma ameaça. Conforme a Terra vai aquecendo, os países do Norte vão se tornando mais suscetíveis a epidemias “do Sul”, como malária, cólera, dengue, que são doenças de temperaturas mais quentes. A elevação de temperatura deixa o clima mais propício para a reprodução de mosquitos vetores dessas doenças, como o tão conhecido Aedes aegypti, responsável por transmitir além da dengue, a febre amarela, Chikungunya e Zika.