Infestação plástica

Infestação plástica

Agora o diagnóstico é oficial: você não só pode ter micropartículas plásticas correndo nas veias como, muito provavelmente, as carrega nos pulmões. É para tapar o nariz, não? De solução prática para substituir papel, metal, vidro e outras matérias-primas, o plástico vem se tornado uma infestação que está se espalhando implacavelmente por nossos corpos e pelo planeta. Segundo o estudo “A ameaça global da poluição plástica”, assinado por cientistas alemães, suecos e noruegueses, publicado em julho passado na revista “Science”, estamos chegando ao ponto de não retorno – quando os danos ao meio ambiente serão irreversíveis. Em outubro, foi anunciado na Plastic Health Summit, conferência realizada em Amsterdã, na Holanda, que temos apenas nove anos para reverter este quadro.

Esta contagem regressiva vem se acelerando. Desde 2019 sabemos que há microplástico na água que bebemos e em nossa comida; em agosto de 2020, pesquisadores da Universidade do Arizona encontraram vestígios do material em todas as 47 autópsias realizadas em amostras de pulmão, fígado, baço e rins humanos examinadas. Em março deste ano, cientistas da Universidade Livre de Amsterdã, detectaram fragmentos no sangue de 17 dos 22 doadores anônimos testados. “A grande questão é: o que está acontecendo em nosso corpo? As partículas ficam retidas no corpo? E esses níveis são suficientemente altos para desencadear doenças?”, alertou o professor Dick Vethaak.

Ainda é cedo para dimensionar os danos que beber, comer e respirar plástico podem causar diretamente à nossa saúde; mas os estragos que o material vem causando à Terra, o grande organismo onde vivemos, são conhecidos e bem visíveis. Micropartículas plásticas estão por todos os lados, da Fossa das Marianas ao Monte Everest, e chegam até mesmo à atmosfera. No mês passado, descobriu-se que estamos aspirando plástico: um estudo da Hull York Medical School, na Inglaterra, publicado na revista “Science of the Total Environment” descobriu, pela primeira vez, partículas plásticas em pulmões de pessoas vivas. O resultado espantou até a professora Laura Sadofsky, sua principal autora. “Não esperávamos encontrar o maior número de partículas nas regiões inferiores dos pulmões, ou partículas dos tamanhos que encontramos. É surpreendente, pois as vias aéreas são menores nas partes inferiores dos pulmões e esperávamos que partículas desses tamanhos fossem filtradas ou presas antes de chegar tão fundo”.

Lançado a dez dias do início da COP26, que foi realizada no início de novembro passado na Escócia, o relatório “Da Poluição à Solução: Uma Análise Global sobre Lixo Marinho e Poluição Plástica”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), deu uma ideia do tamanho da encrenca. De acordo com ele, o material responde por 85% dos resíduos que chegam ao mar e que até 2040 a quantidade deve triplicar, caso nada seja feito, podendo chegar a 37 milhões de toneladas por ano. “Esta pesquisa fornece o argumento científico mais forte até hoje para responder à urgência, agir coletivamente e proteger e restaurar nossos oceanos e todos os ecossistemas afetados pela poluição em seu curso”, disse a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen.

A ambientalista dinamarquesa ressalta que o plástico também tem forte ligação com as mudanças climáticas. Calcula-se que em 2015 ele era responsável pela geração de 1,7 gigatoneladas de CO₂ equivalente (GtCO2e), e em 2050 este número deverá chegar a 6,5 GtCO2e, ou 15% do total global. E os resíduos que chegam ao mar também ajudam a temperatura do planeta a subir. As micropartículas se unem à flora marinha – microalgas, bactérias e fitoplânctons –, e prejudicam sua capacidade de fazer fotossíntese: “Se você para de consumir gás carbônico, o oceano acaba perdendo um pouco do seu papel em controlar o efeito estufa”, explicou Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

No dia 2 de março, a ONU deu o pontapé inicial para a criação do primeiro tratado global contra a poluição por plástico, durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Anue), que se realizou em Nairóbi, no Quênia. A resolução recebeu o aval de nada menos que 175 países e, por isso, foi comparada ao Acordo de Paris. Mas, assim como o pacto firmado em 2015, na França, ele só vai sair do papel se houver pressão popular – e tudo indica que haverá. Sob encomenda das ONGs Plastic Free Foundation e WWF, o Instituto Ipsos fez uma pesquisa no fim do ano passado, com mais de 20 mil pessoas de 28 países, incluindo o Brasil. O resultado foi uma goleada: cerca de 90% dos entrevistados se disseram favoráveis a uma coalizão global para buscar soluções. A maioria já entendeu que deter essa infestação depende de todos nós; falta convencer os desentendidos.

 

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Hábito do café precisa ser reciclado

Hábito do café precisa ser reciclado

Hábito muito tradicional no Brasil, o consumo de café ganhou novos contornos com a chegada das cápsulas. Mas, apesar de ter surgido em pleno século 21, esse tipo de produto praticamente não é reciclado hoje no país.

Os problemas vão da falta de orientação adequada dos fabricantes sobre como consumidores podem colaborar para a reutilização dos objetos à mistura de componentes em sua composição.

O consumo em suas formas modernas não pode passar ao largo da sustentabilidade.

Via: O Globo

Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Saiba mais: https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/pesquisas-ineditas-mostram-que-reciclagem-de-capsulas-de-cafe-problematica-no-brasil-20660567

Lixo caseiro gera energia

Lixo caseiro gera energia

Lixo que gera energia! Uma startup israelense criou um sistema que transforma resíduos orgânicos em biogás para fogão e fertilizante natural líquido.

A cada quilo de alimentos, o dispositivo HomeBiogas produz 200 litros cúbicos de gás, suficientes para manter um fogão aceso por uma hora.

A máquina comporta certos resíduos não indicados para compostagem caseira, como laticínios e fezes de animais de estimação.

Mais um exemplo da boa tendência de descentralizar a geração de recursos energéticos e torná-la sustentável.

Via: CicloVivo

Foto: Divulgação

Saiba mais: https://ciclovivo.com.br/noticia/maquina-de-compostagem-domestica-produz-energia-limpa-e-fertilizante-organico/

Reciclar é com os noruegueses

Reciclar é com os noruegueses

Ninguém recicla garrafa de plástico como os noruegueses: a taxa em 2016 foi de 97%, o que dá 600 milhões de unidades. Para se ter uma ideia, no Brasil essa porcentagem é de 50%.

O segredo: pagar o consumidor pela devolução. Isso é feito de forma automática, em máquinas instaladas nos estabelecimentos comerciais. Quem entra com o dinheiro é o próprio fabricante de bebidas que, em compensação, ganha um desconto no imposto. Com incentivo, desce mais fácil.

Via BBC Brasil

Foto: DutchScenery/Shutterstock

Saiba mais

Uma aula de sustentabilidade

Uma aula de sustentabilidade

Os alunos do Centro de Ensino Médio Castro Alves, em Palmas (TO), construíram uma arquibancada para o ginásio da escola usando 8 mil garrafas PET.
A estrutura custou cerca de R$ 3 mil. Se tivesse sido feita com tijolos comuns e por contratação, seu custo poderia chegar a R$ 50 mil.
O sucesso da empreitada sustentável deve ser repetido para erguer paredes para os vestiários e um palco para eventos culturais no colégio.
A educação dessa garotada está sendo construída sobre bases sólidas.
Via: The Greenest Post
Foto: Divulgação
Saiba mais: https://thegreenestpost.bol.uol.com.br/falta-de-material-que-nada-alunos-de-escola-publica-constroem-arquibancada-com-8-mil-garrafas-pet/

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