A agressão da Hydro/Alunorte contra Barcarena se revelou só a ponta do iceberg. Desde que um polo industrial se instalou na região, acidentes ambientais são constantes: foram registradas 17 ocorrências de 2000 a 2015.
Em 2012, pesquisadores da Universidade Federal do Pará analisaram poços artesianos de 26 comunidades; em 24 delas, a água estava contaminada com chumbo. E os igarapés estão envenenados por mercúrio e alumínio. O descaso com a vida humana e com o meio ambiente é constante.
Mesmo depois da tragédia de Mariana, a irresponsabilidade da Samarco/Vale parece não chegar ao fim. Com o rompimento da barragem de Fundão, 10 bilhões de litros de rejeitos de minério ficaram retidos na usina hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga. Agora, é ela que periga romper. Apesar dos riscos aterrorizantes, a mineradora afirma que só deve terminar a retirada dos primeiros 1,3 bilhão de litros de lama de Candonga em junho de 2017, seis meses depois do prazo assumido pela própria empresa. Em sua defesa, alega que, quando firmou o compromisso de concluir a etapa inicial de remoção até o fim deste ano, estimava haver menos da metade do volume de rejeitos que de fato está no local. O Ibama negou o pedido da mineradora pela prorrogação do prazo. Mas a história recente mostra que a Samarco segue suas próprias e deturpadas regras. Precisamos de ações rigorosas sobre essa empresa para evitar o pior! Via Valor Econômico Foto: Bruno Ribeiro/Estadão Saiba mais: https://www.valor.com.br/empresas/4687415/samarco-quer-adiar-remocao-de-lama-de-local-com-risco-de-novo-acidente
Não deixe o seu cariri nem no último pau-de-arara, porque a falta d’água é geral. Para o IBGE, a seca é o maior desastre ambiental do Brasil. Segundo um estudo lançado hoje pela instituição, ela atingiu metade dos municípios do país, de Norte a Sul, entre 2013 e 2017.
Se no Nordeste a seca é marcada por imagens como a da foto, no Sudeste ela se reflete nas crises hídricas que atingiram as duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio. O mais grave é que não estamos preparados para o pior: segundo a pesquisa, 59% dos municípios do país não têm instrumentos de prevenção contra desastres naturais. É contar demais com a sorte.
A Justiça tarda e falha com Mariana. O processo que julga os responsáveis pela maior tragédia ambiental do país está paralisado, por determinação do juiz Jacques de Queiroz Ferreira, da comarca de Ponte Nova (MG). Ele também corre o risco de ser anulado a pedido da defesa, sob a alegação de que houve ilegalidade na quebra de sigilos telefônicos nas investigações.
Desde outubro do ano passado, a mineradora Samarco e suas proprietárias, Vale e BHP Billiton, além de 21 diretores das empresas, foram denunciados pelo Ministério Público Federal e respondem por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), lesões corporais graves e crimes ambientais. A tragédia devastou povoados inteiros e matou 19 pessoas, além de contaminar mais de 600 quilômetros do Rio Doce. Esses crimes não podem ficar impunes.