O Mato Grosso está afinando. E pode ficar ainda mais ralo, caso a proposta de estadualizar o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (foto) seja aprovado. Exemplos recentes não faltam.
Em 2006, os deputados do estado tentaram reduzir o Parque Estadual do Cristalino em quase 1/3; em 2011, o governo estadual quis envolver o Parque Estadual do Araguaia, a Terra Indígena Marãiwatsédé e grileiros num troca-troca ilegal; em 2016, os parlamentares cortaram 107 mil hectares da Resex Guariba Roosevelt; desde abril de 2017, tentam extinguir o Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco; e o PL 591/2017 visa retalhar a Área de Proteção Ambiental Cabeceiras do Rio Cuiabá, que já perdeu cerca de 40% de seus 460 mil hectares para o desmatamento ilegal. Em nome de que – ou de quem – agem esses políticos?
Governo reduz em apenas 2 dias mais de 1 milhão de hectares das Unidades de Conservação. “Após avanços significativos na redução da taxa de desmatamento e na demarcação de terras indígenas e criação de unidades de conservação na década passada – mantendo ao mesmo tempo forte crescimento econômico, safras recorde e geração de empregos –, o Brasil parece retroceder à década de 1980, quando era um pária internacional devido à destruição acelerada de seu patrimônio natural e à violência no campo”.
Este é um trecho da carta em protesto contra o ataque coordenado do Congresso Nacional e do governo de Michel Temer à proteção ambiental e aos direitos dos povos tradicionais feita pelo Observatório do Clima em sua assembleia em Atalanta (SC). O documento lista vários retrocessos feitos pelo governo nos últimos meses, no que talvez seja a maior ofensiva antiambiental desde a promulgação da Constituição de 1988.