Nossa maior reserva de água em risco de contaminação? É o que alertam pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP) e de Brasília (UnB), e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) que afirmam ter encontrado substâncias tóxicas numa importante área de recarga do Aquífero Guarani.
Mesmo que o estudo não indique que essas substâncias já atingiram a maior reserva de água doce da América do Sul, aponta o risco de que isso aconteça proximamente. A contaminação foi detectada na Lagoa do Saibro, em Ribeirão Preto (SP).
Segundo a pesquisa, a contaminação está relacionada diretamente ao descarte inadequado de lixo eletrônico e resíduos hospitalares.
4 \04\America/Sao_Paulo abril \04\America/Sao_Paulo 2017 | Cerrado
Enquanto a exuberância da vegetação da Amazônia grita ao mundo a sua importância para o bem-estar do planeta, a beleza da flora do Cerrado é interior. Talvez por isso a gente não lhe dê a devida atenção. O segundo maior bioma brasileiro corre o risco de virar um imenso pasto ou lavoura de soja. E as consequências disso serão catastróficas.
O Cerrado é como uma floresta de cabeça para baixo: suas árvores têm raízes profundas, maiores do que as copas. Elas são responsáveis por absorver a água da chuva e depositá-la em reservas subterrâneas, os aquíferos. Na região, também nascem oito das 12 grandes bacias hidrográficas brasileiras. Se o atual índice de desmatamento permanecer até 2050, teremos a extinção de 1.140 espécies vegetais endêmicas do bioma. E aí a fonte vai secar.
A rapidez com que se está destruindo o Cerrado pode esgotar os aquíferos Guarani, Urucuia e Bambuí, que abastecem torneiras de todas as regiões do país. Ou seja: o problema também é de quem mora nas grandes cidades. O estopim desse cenário apocalíptico é a fronteira agrícola do Matopiba, nome dado ao avanço da agropecuária num território de 400.000 km² espalhados por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O bioma já perdeu 46% de sua flora nativa. A vegetação que chega com o gado e as monoculturas tem raízes curtas e é incapaz de cumprir o papel de acumular líquido. O Cerrado é a nossa caixa d’água. É hora de termos visão estratégica e olharmos além da próxima safra.
Sem Cerrado não tem água. E sem água não tem vida.