O corpo humano é 75% água; ou seja, não só não podemos viver sem água, como é possível até dizer que, fisicamente, somos água. A Ciência nos fez saber desta conexão, mas esse conhecimento não tem nos impedido de secar lagos, de degradar rios e de poluir mares. Em 22 de março, comemora-se o Dia Mundial das Águas, e a Lei das Águas está completando 20 anos em 2017. De número 9.433/1997, ela instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Apesar disso, nossas águas continuam ao Deus dará. Então vamos aproveitar a ocasião para conversar sobre isso? Há uma lei que as rege, mas quem governa nossas águas?
Uma ideia que veio de longe, da Nova Zelândia: a Justiça local fez do Rio Whanganui pessoa jurídica. A partir de agora, mexeu com o Whanganui, mexeu com os Whanganui: qualquer dano causado ao terceiro maior rio do país será julgado como um dano aos indígenas do povo Maori que carregam seu nome. Enquanto nos acostumamos a conviver com rios mortos cortando as grandes cidades, os povos tradicionais lutam para mantê-los vivos. É um vínculo que está além do campo físico, também é cultural e imaterial.
Mas os Munduruku não protegem o Tapajós apenas por considerá-lo sagrado: a proximidade e o cotidiano não os deixam esquecer o quanto o rio é vital para sua sobrevivência. É dele que tiram o seu sustento diariamente, sem intermediários. O Brasil abriga a maior bacia hidrográfica e o maior aquífero do mundo. Que tal cuidarmos melhor desta dádiva?