É natural: o Projeto de Lei de estreia apresentado da primeira indígena eleita para o Congresso Nacional, Joenia Wapichana, torna hediondos crimes ambientais. Por viverem em contato íntimo com a terra, os povos originários têm a consciência de que não são seus senhores, mas parte dela. Para eles essa ligação é espiritual, mas também carnal, como diz Ailton Krenak: “Quando nós falamos da terra, falamos do planeta como organismo vivo. Nós somos filhos desse organismo vivo”. A deputada federal (Rede/RR), apresentou seu projeto na semana passada, dez dias depois do crime de Brumadinho. Não se trata de timing, mas de estar em sintonia com os acontecimentos. Pouco se falou que no último domingo fez um ano do vazamento de outra barragem de rejeitos, em Barcarena, no Pará; e, assim como aconteceu em Mariana, ninguém ainda foi responsabilizado e as vítimas também não receberam a devida reparação. No Brasil de hoje, os efeitos da impunidade, da corrupção e do esquecimento são ainda mais devastadores.