Durante três dias, mais de 150 participantes representantes de 70 organizações diferentes estiveram presentes no Encontro Anual do Observatório do Clima, que aconteceu no interior de São Paulo. O evento foi pensado para validação do Plano Estratégico 2023-2026, eleição de novos membros da Coordenação e unificação de pauta entre os membros integrantes da rede com vistas à COP 30, que será realizada em Belém (PA), em 2025.
O desafio de “manter a relevância da pauta climática” em um novo cenário político, o engajamento da mesma junto à sociedade e a defesa da democracia como pressuposto para avanço da agenda socioambiental do país foram os principais pontos debatidos. Nesse sentido, o plano estratégico foi pensado para fortalecer a rede e dialogar com a sociedade civil. A facilitação do encontro foi feita pela organização Entremeios.
As discussões foram feitas em grupos temáticos a partir das provocações realizadas pela mesa de conversa com convidados de movimentos sociais para falar sobre o “Contexto político Nacional e Internacional”, composta por Andrea Bavaresco (IEB), Leonice Tupari (Coiab, AGIR, Podáali, ANMIGA), Francisco Kelvin (MAB), Joaquim Belo (CNS) e Denildo Rodrigues (Conaq) e mediada por Adriana Ramos. O debate trouxe a visão de cada um dos movimentos representados e os desafios para os próximos anos.
Leonice Tupari destacou a importância das mulheres à frente na luta pela vida uma vez que foram elas que garantiram o sustento nos territórios durante a pandemia que não contou com a ajuda do Governo. Por meio de iniciativas voltadas ao artesanato, entre outras, elas lideraram a busca de soluções. “O artesanato ajuda a manter a floresta em pé”, afirmou. Ela citou o IEB como referência em levar oficinas por meio digital, ajudando-as a no contato e domínio de novas tecnologias como ferramenta para a sobrevivência. Foi a primeira vez que uma indígena, representando a Coiab, participou de uma mesa em um evento da OC.
Os grupos debateram questões como “Quais estratégias para que a agenda de clima se articule com outras agendas do país?”; “Que ferramentas podem ser trabalhadas nos próximos anos dentro de cada um dos quatro macro-eixos definidos: Produção de conhecimento, Incidência Política, Incidência Internacional e Engajamento da sociedade?”; e “O que está por vir: discussões em temáticas – Base no conjunto de temas do Brasil 2045”.
Com quatro vagas abertas na Coordenação Geral do OC, foram eleitos, por aclamação, os quatro candidatos às vagas: Adriana Ramos, Andrea Bavaresco, Ane, Delcio Rodrigues para as quatro vagas disponíveis por aclamação da plenária. A comissão de eleição foi conduzida por Brenda Brito, que não irá se candidatar à reeleição, e Márcia Hirota, fundadora do LabOC.
“Quanto maior a rede, maior o desafio para mantê-la funcionando. Tem que saber que é preciso ter uma estrutura, mas que esta não é uma empresa fechada, que funciona somente por meio de um núcleo, o agitador é o próprio coletivo”. – Adriana Ramos
O OC é uma rede de entidades da sociedade civil brasileira voltada para a agenda climática, que se dedica à construção de um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável. No último ano, registrou a adesão de 17 novas organizações, chegando a mais de 90 membros, algo inédito que demonstra a urgência do tema, a importância da construção de estratégias em rede e o potencial da mesma. A rede foi fundada em março de 2002, na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, com 26 organizações.