No dia 29 de setembro, a Gota participou da exibição do filme “Amazônia: A Nova Minamata?”, no Espaço Itaú de Cinema, no Rio de Janeiro (RJ). O evento fez parte da campanha de impacto do documentário dirigido pelo consagrado Jorge Bodanzky e produzido por Nuno Godolphim, realizado em parceria com Uma Gota No Oceano.
Desde 2021, a Gota apoia a campanha de impacto do filme com ações de comunicação estratégica e apoio institucional, que já levaram o documentário à 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), ao 4º Festival de Cinema de Alter do Chão, o Fest Alter (2022), ao Forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico e Fórum de Antropologia e Cinema (2022) e ao 46° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A organização também contribuiu para que o filme fosse exibido aos indígenas da etnia Munduruku, no Pará, que são os principais afetados pela contaminação de mercúrio denunciada no longa.
Além disso, em 2021, a Gota cooperou para que o teaser internacional do filme fosse exibido nos eventos paralelos da COP26, em Glasgow, na Escócia. No mesmo ano, um corte preliminar do documentário foi exibido para grandes lideranças indígenas do país durante a edição anual do Acampamento Terra Livre, em Brasília, seguido de debate com a audiência.
Para o Dr Erik Jennings, este documentário é uma oportunidade para mudar a história da população que vive na região do Tapajós, especialmente as crianças, que possuem sistema imunológico fragilizado. O alerta de que havia um problema na região foi o pedido de 178 cadeiras de rodas para as crianças do povo Munduruku.
Alessandra Munduruku declarou que o garimpo e empreendimentos como a Ferrogrão não se importam se o povo tiver que beber água suja, comer peixes contaminados ou se seus filhos nascerem doentes.
Apesar do diagnóstico confirmado da doença de Minamata em uma das crianças, as demais não estão sob qualquer tipo de acompanhamento médico por diferentes entraves, como a falta de segurança para pesquisadores e equipe médica, que podem sofrer ataques de grupos criminosos, por exemplo.
O doutor Paulo Basta confirmou mais de 300 casos de contaminação pelo metal, e complementou que para mobilizar o governo a tomar medidas de erradicação, será necessário identificar as pessoas contaminadas. Diante disso, a liderança Maria Leusa Munduruku afirmou que as mulheres da aldeia auxiliarão na identificação das crianças atingidas pelo mercúrio para que elas possam receber o tratamento adequado. “Vamos continuar curando a nossa floresta, o nosso útero. Vamos reflorestar tudo o que destruíram”, contou a liderança Munduruku.
Caetano Scannavino, do Saúde e Alegria, defendeu que a melhor maneira de acabar com o garimpo é demonstrar a possibilidade de produção de renda com a floresta em pé, isto é, oferecer alternativas financeiramente viáveis para que a juventude tenha perspectiva de vida e esperança.
Nuno Godolphim, da Ocean Films, sugeriu que o documentário pudesse ser exibido na COP e na Convenção de Minamata. Jorge Bodansky, diretor do filme, apresentou a obra como uma campanha de impacto para a discussão de problemas da Amazônia, que permanecem os iguais, mesmo após 50 anos de filmagens.