Em 2021, Uma Gota no Oceano chegou à COP26 com um status diferente: o de organização observadora da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças de Clima (UNFCCC). Tivemos oportunidade de levar nossa maior delegação para o evento em Glasgow, no Reino Unido: Maria Paula Fernandes (diretora-fundadora), Gabi Lapagesse (relações institucionais) e Monica Prestes (editora de Amazônia).
Ocupamos, a convite da organização da COP26, um estande na zona verde. Ao longo de dois dias (1º e 2/11), visitantes de diversos países do mundo, da Ásia às Américas, como estudantes, pesquisadores, ativistas e jornalistas, puderam conhecer mais sobre o trabalho de comunicação estratégica que Uma Gota no Oceano desenvolve para os povos indígenas e quilombolas brasileiros, bem como algumas das campanhas desenvolvidas, como “Em nome de Quê?”.
Realizamos, com organizações parceiras, duas mesas de debate que abordaram soluções energéticas sustentáveis e os impactos socioambientais da construção de hidrelétricas na Amazônia, com a participação de lideranças quilombolas e indígenas – ambas com lotação completa dos espaços onde aconteceram.
Além disso, fomos convidadas a facilitarmos o encontro de Juma Xipaia, uma das lideranças da região do Médio Xingu, com o ator e ativista Leonardo DiCaprio, promovido pelo diretor de documentários Richard Ladkani. A conversa, que estava programada para 15 minutos, durou mais de uma hora. DiCaprio ficou impressionado com o relato da indígena sobre como os impactos de Belo Monte comprometem a biodiversidade e o modo de vida dos povos originários, e prometeu apoiar a instituição criada por ela, o Instituto Juma. O encontro foi registrado na imprensa e em um post do próprio ator em suas redes sociais.
As lições não aprendidas sobre os impactos negativos da construção da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, há cerca de quatro décadas; os erros repetidos – e agravados – em Belo Monte, no rio Xingu, desde o início de sua construção dez anos atrás; e as ameaças do projeto do complexo de hidrelétricas na bacia do rio Tapajós estavam entre os temas abordados pelas campanhas veiculadas no estande e, também, no discurso das lideranças e especialistas que participaram das mesas realizadas pela Gota, ambas no dia 4 de novembro.
Pela manhã, o debate reuniu Juma Xipaia, já citada aqui, Alessandra Munduruku, liderança indígena Munduruku do Médio Tapajós, Sandra Braga, coordenadora-executiva da CONAQ, Hilton Lucas Durão, assessor da CONAQ, e Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do IEMA, no espaço Brazil Hub, na zona azul. À tarde a troca de experiências reuniu, além de Juma Xipaia e Alessandra Munruduku, Sinéia do Vale, liderança indígena do povo Wapichama, do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Ela apresentou um projeto de energia eólica na TI Raposa Serra do Sol. A mesa contou também com Ati Villafaña Izquierdo, liderança da comunidade indígena Arhuaca, no norte da Colômbia, que falou sobre a experiência de instalação de energia solar na comunidade, projeto que substituiu os planos do governo local de construir hidrelétricas.
Ao longo dos sete dias de participação na COP26, Uma Gota no Oceano também apoiou a comunicação da CONAQ, COIAB e APIB na articulação de entrevistas e relacionamento com a imprensa, sobretudo internacional. Além disso, deu suporte a lideranças ligadas às organizações presentes em Glasgow entre o dia 31, abertura oficial do evento, e o dia 7, dia da Marcha pelo Clima, que reuniu mais de 100 mil pessoas nas ruas da capital escocesa, e marcou a despedida da Gota do evento. A conferência do clima seguiu até o dia 12.