Em 2019, Uma Gota no Oceano ganhou o status de Organização Observadora na Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, posição que ocupa até hoje. Esta importante conquista foi um reconhecimento do trabalho de comunicação socioambiental que a Gota vem desenvolvendo ao longo dos anos, bem como de suas contribuições nas conferências das quais teve a honra de participar.
COP 21
A história da Gota nas COPs do Clima começou em 2015, na histórica COP de Paris, realizada na capital francesa entre 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015. Ali foi assinado o emblemático Acordo de Paris – o tratado que reuniu 195 países para firmar o compromisso de limitar o aumento da temperatura média global entre 1,5°C e 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
COP 22
A 22ª Conferência das Partes da ONU sobre Clima foi realizada entre os dias 7 e 18 de novembro de 2016, em Marrakesh, no Marrocos. A COP 22 terminou com um saldo positivo: todos os países comprometeram-se a definir, num período de dois anos, até 2018, as métricas e prazos comuns a serem aplicados às contribuições de cada país (NDCs, em inglês) sob o Acordo de Paris.
Aparentemente pouco ambicioso, o compromisso enfrentou resistências antes de ser firmado. E quem as derrubou – diplomaticamente falando – foi a delegação brasileira. Um alento em meio à costumeira lentidão das negociações climáticas.
A equipe da Gota, liderada pela diretora-fundadora e jornalista Maria Paula Fernandes, intermediou entrevistas com a imprensa e debatedores brasileiros, como a líder indígena Sonia Bone Guajajara, na época coordenadora-executiva da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, e Carlos Rittl, então secretário-executivo do Observatório do Clima (OC).
COP 23
A 23ª Conferência das Partes da ONU sobre Clima aconteceu em Bonn, na Alemanha, de 6 a 17 de novembro de 2017. Antes mesmo do evento começar, a Gota atuou situando a imprensa brasileira na conjuntura dos acontecimentos climáticos da época, expondo o descompasso entre o discurso pretendido pelo governo do Brasil na COP e as medidas de retrocesso tomadas na prática. Já durante a conferência, Gota intermediou diálogos entre a imprensa e porta-vozes indígenas e ambientalistas; acompanhou coletivas oficiais; participou de uma reunião entre lideranças indígenas do Brasil e o então ministro de Meio, Sarney Filho; e aderiu ao manifesto “O Brasil na contramão: retrocessos internos comprometem metas do clima”, assinado junto a outras 24 organizações.
Nesta conferência, o papel das mulheres e as contribuições dos indígenas foram reconhecidas pela primeira vez como importantes para o clima.
COP 24
Entre os dias 6 e 12 de dezembro de 2018, a Gota participou da 24ª Conferência do Clima da ONU, a COP-24, em Katowice, na Polônia, acompanhando a delegação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
No evento, a Gota apresentou dois vídeos protagonizados por indígenas, expondo os impactos das mudanças climáticas em suas vidas no Brasil. O primeiro gravado durante reunião da ONU em Brasília e o segundo, um depoimento da liderança indígena Alessandra Munduruku. Articulação junto às mídias nacional e internacional e a participação em reuniões e painéis foram algumas das atividades por lá.
Durante um evento paralelo à COP 24, foi exibido o filme “Energy for Change”. A obra traz uma entrevista com Alessandra Munduruku, gravada pela Gota em Macapá, seis meses antes – o depoimento de Alessandra foi o maior destaque nas rodadas de perguntas.
COP 25
A 25ª Conferência do Clima da ONU aconteceu em Madri entre os dias 2 e 15 de dezembro de 2019. A Espanha se ofereceu para sediar o evento após o Chile cancelar sua realização em Santiago devido aos protestos que o país atravessava. A diretora da Gota, Maria Paula Fernandes, foi ao evento a convite da organização suíça Fastenopfer, ao lado da jornalista Andreia Fanzeres, coordenadora do Programa de Direitos Indígenas da Operação Amazônia Nativa (OPAN).
A Gota levou até Madrid a voz da jovem indígena Bheka através do vídeo “Em nome de quê? – O Apelo de Bheka Munduruku”, exibido numa mesa sobre energia limpa organizada pela Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade (CIDSE). No debate, Andreia da OPAN fez um contundente relato sobre violência contra lideranças indígenas e ONGs ambientais no Brasil, dando como exemplo a invasão e roubo na casa da líder indígena Alessandra Munduruku dias antes da conferência.
O “Brazil Climate Action Hub”, espaço organizado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), foi o ponto de encontro de indígenas, ambientalistas, jornalistas, governos, sociedade civil, parlamentares e empresários. Um dos destaques foi o encontro entre a equipe da OPAN e Claudette Kawakukyenoh, membro da Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA), sobre como os povos indígenas do Brasil estão desenvolvendo seus protocolos de consulta.
A Gota participou ainda da Marcha do Clima, ao lado de lideranças da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e do movimento jovem Extinction Rebellion. A passeata, organizada pelo Fridays For Future e liderada pela ativista Greta Thunberg, foi uma das maiores da história do país.
COP 26
A participação da Gota na 26ª Conferência do Clima da ONU foi a primeira com o status de Organização Observadora da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças de Clima (UNFCCC). Realizada de 1º e 12 de novembro de 2021 em Glasgow, na Escócia, a conferência foi uma oportunidade para que a Gota levasse sua maior delegação até então: a diretora Maria Paula Fernandes, a relações institucionais Gabi Lapagesse e a editora de Amazônia Monica Prestes.
A convite da organização da COP26, a equipe ocupou um estande na zona verde entre os dias 1º e 2 de novembro, onde visitantes de diversos países do mundo puderam conhecer o trabalho de comunicação estratégica para povos indígenas e quilombolas do Brasil.
Também foram promovidas, com organizações parceiras, duas mesas de debate com lotação máxima e participação de lideranças quilombolas e indígenas, abordando o tema Soluções Energéticas e Impactos Socioambientais de Hidrelétricas na Amazônia.
A equipe da Gota também ajudou a articular, a convite do diretor de documentários Richard Ladkani, um encontro entre Juma Xipaia, líder indígena do Médio Xingu, com o ator e ativista Leonardo DiCaprio. Na conversa, registrada pela imprensa e num post da rede social do ator, Dicaprio ficou impressionado com o relato sobre os impactos de Belo Monte e prometeu apoiar o Instituto Juma.
Conteúdo original: “A Gota na COP26: nossa maior participação no evento”
COP 27
A 27ª Conferência do Clima das ONU foi realizada de 6 a 18 de novembro de 2022, em Sharm El-Sheikh, no Egito. A Gota foi representada pela diretora Maria Paula Fernandes, Camila Perussi (relações institucionais) e Gabriela Borges (redes sociais). No backoffice, um time de cinco profissionais dava apoio na produção de conteúdo e sugestões à imprensa. No Egito, enquanto Maria Paula e Camila faziam articulações institucionais in loco, Gabriela apostava em conteúdos multimídias para as redes.
Além do apoio no credenciamento de organizações parceiras, acompanhamos em nossa delegação cinco ativistas indígenas, nove quilombolas e quatro líderes da juventude.
Em apenas uma semana, a Gota articulou quase 20 matérias na imprensa, produziu e acompanhou três eventos paralelos bem-sucedidos em conteúdo e público, rendeu mais de 100 publicações nas diferentes redes sociais (só no Instagram foram 84 conteúdos publicados).
Também foram articulados encontros e reuniões importantes pelos pavilhões, como o que aconteceu em frente ao pavilhão da Alemanha, na Zona Azul, entre as deputadas eleitas no Brasil e lideranças indígenas Célia Xakriabá e Sônia Guajajara e a parlamentar alemã do Partido Verde Kathrin Henneberger. Também acompanharam a líder indígena Puyr Tembé (FEPIPA) e a diretora do Partido Verde alemão Ricarda Lang.
Entre os debates apoiados pela Gota, destacaram-se três side events:
1) Perdas & Danos, Gênero e Impactos Territoriais;
2) Press Conference “Resistência Feminina na Amazônia – A Luta de Lideranças Ameaçadas pelo Garimpo Ilegal e Crime Organizado”; e
3) Conectando Projetos Locais Energéticos à Transparência e Participação da Implementação das NDCs.