Biodiversidade amazônica

setembro 2017

É muita vida em jogo: uma em cada dez espécies conhecidas de animais e vegetais do planeta são nativas da Amazônia. E essa biodiversidade não cansa de nos surpreender: há duas semanas, o WWF-Brasil e o Instituto Mamirauá divulgaram um novo relatório, no qual apresentam ao mundo mais 381 espécies. Só nesse dia a gente ficou sabendo da existência do macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo, apenas mais um dos 34 tipos de macacos zogue-zogue. Os dados foram coletados num período restrito somente a dois anos: 2014 e 2015. Então há de se supor que tem muito mais bicho e planta escondida na região. Lá, podemos encontrar desde a cura para diversas doenças a, quem sabe, novas fontes alternativas de energia.

Como o Brasil abriga 60% da Floresta Amazônica, é nosso dever defender esse patrimônio genético. Reluzente como ouro, o recém-descoberto sapo Pristimantis imthurni pode ser tão ou mais valioso do que o rico metal. A gente acaba de ganhar um round, com o governo sendo obrigado a adiar seus planos de abrir a região à mineração. A extinção da Renca mexeu com corações e mentes e nos uniu em torno de uma mesma causa. A petição Todos Pela Amazônia rapidamente arrecadou mais de 1,5 milhão de assinaturas, as pessoas foram às ruas e às redes sociais para se manifestar.

Mas ainda temos muita luta pela frente: a Floresta Nacional do Jamanxim continua em risco e as mais diversas ameaças pairam sobre o Código Florestal no Congresso. O texto da lei assinada pelo deputado ruralista Mauro Pereira (PMDB/RS), que flexibiliza o licenciamento ambiental, apresenta conteúdo inconstitucional e pode levar o país ao caos jurídico. Ele, por exemplo, concede aos Estados o direito de criarem suas próprias legislações sobre o tema. Isso causaria um verdadeiro leilão de facilidades que jogaria contra o meio ambiente. O projeto ainda possibilita a dispensa de licenciamento para atividades agropecuárias, a criação do licenciamento autodeclaratório e a flexibilização das exigências ambientais. Se aprovada, a proposta deixa o país mais vulnerável a tragédias semelhantes a de Mariana (MG).

Foram 216 novas espécies de plantas, 93 de peixes, 32 de anfíbios, 19 de répteis, 18 mamíferos e dois mamíferos fósseis da Amazônia. São pássaros como o Tolmomyias sucunduri uma pequenina ave que vive em pares, cujo nome, do grego, significa “papa-moscas ousado do Sucunduri”, e o Hypocnemis rondoni, passarinho bom de gogó batizado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon; Inia araguaiaensis, um novo tipo de boto; e o Microcaecilia marvaleewakeae, uma nova espécie de cobra-cega. 

E a importância da floresta não se resume à sua biodiversidade, é claro: ela também leva umidade para toda a América do Sul, influencia no ciclo de chuvas de boa parte do continente e contribui para estabilizar o clima do planeta. Sem os chamados rios voadores choveria bem menos no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do Brasil, e também na Bolívia, no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e em parte do Chile. Faltaria água para ao agronegócio. Os grandes produtores rurais deveriam ser os primeiros a se preocuparem em preservá-la. 

Vamos manter a mobilização. A onda verde não pode quebrar.

Assine a petição

E baixe o relatório da WWF e do Instituto Mamirauá

 

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