julho 2023 | Climate change, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Mudanças Climáticas
Um bom termômetro para saber se uma festa está acabando é olhar quanto gelo ainda sobrou no freezer. É hora de acender as luzes e tirar a música no planeta Terra: nada menos que quatro recordes seguidos de temperatura média global foram quebrados na semana passada. O ponto alto aconteceu na última quinta-feira (6/7), com 17,23ºC, o dia mais quente já registrado. Esse calorão vem reduzindo o estoque de gelo do planeta – e, consequentemente, fazendo com que ele esquente mais e mais. Em fevereiro, a Antártida derreteu como nunca; e no mês passado, chegou ao nível mais baixo para um mês de junho, início de inverno. Como se tivessem desligado o congelador no meio da farra.
O Continente Antártico havia perdido quase uma Argentina de gelo – 2,5 milhões km² – no fim do mês passado, em relação à superfície média de 1991 a 2020. Em 16 de fevereiro, a camada de gelo sobre o mar tinha sido reduzida a 2,06 milhões km², a menor área registrada desde o início do monitoramento por satélite, há 45 anos. A recuperação tem sido bem lenta, chegando a 11,5 km², 17% abaixo do normal. O mais preocupante é que, até bem pouco tempo, as mudanças climáticas vinham poupando a Antártida: foram 35 anos de estabilidade e, em setembro de 2014, chegou a atingir a maior extensão coberta desde 1979: 20 milhões de km². A partir de 2015, a queda foi constante e a falta de gelo não só contribui com o aquecimento do planeta, como pode levar espécies à extinção.
Se não faz frio o suficiente no inverno do Hemisfério Sul, o verão no Norte promete ferver. Um estudo publicado na revista científica “Nature Medicine” calcula que até 94 mil pessoas podem morrer por causa do calor na Europa em 2040, caso nenhuma providência seja tomada. O ano de 2022 foi o mais quente registrado no continente e matou 61.672 pessoas. Na Itália, uma forte onda de calor, causada por um anticiclone chamado Cerberus, vai fazer a temperatura passar dos 40ºC na maior parte do país e chegar a até 48ºC na Sicília e na Sardenha. Os italianos enfrentaram inundações e tempestades na primavera, e Alemanha, Espanha, França e Polônia também devem ser bastante castigadas pelo sol nos próximos dias. É o mesmo disco arranhado tocando sem parar desde 2015.
Uma boa nova vem da Amazônia: o desmatamento está em queda constante. No primeiro semestre, diminuiu 34% em relação ao mesmo período do ano passado; em junho, a queda foi de 41%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mas ainda não há o que festejar: o El Niño ronda ameaçadoramente a maior floresta tropical do mundo. É um círculo vicioso, a derrubada da mata alimenta o aquecimento global, que põe fogo no verde. Os focos de calor cresceram 10,7% nos primeiros seis meses do ano, chegando a 8.344, e atingem o maior número desde 2019 – quando foram 10.606. E se o desmatamento diminui na Amazônia, ele vem crescendo vertiginosamente no bioma vizinho. O Cerrado já perdeu 4.408 km², 21% a mais que no primeiro semestre de 2022, o que dá quase quatro cidades do Rio de Janeiro.
O clima pode ser de fim de festa, mas não é hora de tocar a marcha fúnebre. Nada de desânimo, todos nós podemos colaborar para mudar esse quadro preocupante. Uma dica: o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima abriu um canal para consulta popular, onde é possível votar nas iniciativas do Programa Plurianual Participativo (PPA) do governo federal, como o projeto de Combate à Emergência Climática, por exemplo. Além disso, também é possível mandar propostas. Mas não dá pra esperar a festa acabar: as votações estão abertas até 14 de julho, é preciso agir logo. Só temos este planeta, brindemos à sua saúde e cuidemos dela!
Saiba mais:
Brasil Participativo Enfrentamento da Emergência Climática
https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/programas/f/1/proposals/50
Camada de gelo no mar da Antártica chega ao nível mais baixo já registrado em um mês de junho
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/07/10/camada-de-gelo-no-mar-da-antartica-chega-ao-nivel-mais-baixo-ja-registrado-em-um-mes-de-junho.ghtml
Gelo da Antártida enfrenta dificuldade para se recompor após derretimento recorde
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/07/gelo-da-antartida-enfrenta-dificuldade-para-se-recompor-apos-derretimento-recorde.shtml
Planeta registra o mês de junho mais quente da história, diz observatório europeu
https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/07/06/planeta-registra-o-mes-de-junho-mais-quente-da-historia-diz-observatorio-europeu.ghtml
Mais de 61 mil pessoas morreram de calor na Europa no verão de 2022, diz estudo
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/07/10/mais-de-61-000-pessoas-morreram-de-calor-na-europa-no-verao-de-2022.ghtml
Onda de calor na Itália pode gerar temperatura recorde na Europa
https://veja.abril.com.br/mundo/onda-de-calor-na-italia-pode-gerar-temperatura-recorde-na-europa
Entenda os fatores que causam os recordes de temperatura no planeta Terra
https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/07/05/entenda-os-fatores-que-causam-os-recordes-de-temperatura-seguidos-no-planeta-terra.ghtml
As medidas para evitar que El Niño provoque ‘hecatombe’ na Amazônia
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx05w4kee92o
julho 2023 | Biodiversidade, Cerrado, Deforestation, Desmatamento, Extinção de espécies, Extinction of species, Floresta, Mata Atlântica, Política
Uma das primeiras coisas que a gente aprende nas aulas de História é que o nosso país foi batizado por causa de uma árvore; mas por um triz, só a conheceríamos pelos livros. O pau-brasil – em tupi-guarani, ibirapitanga, “árvore vermelha” – foi explorado sem dó nem replantio entre 1502 e 1875. No início do século XX já o consideravam extinto, até que em 1928 o estudante de agronomia João Vasconcelos Sobrinho e o professor de botânica Bento Pickel encontraram um exemplar, onde hoje fica a Estação Ecológica da Tapacurá, administrada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”.
O pau-brasil renasceu, foi declarado patrimônio nacional em 1978, mas ainda corre o risco de desaparecer. E não só ele, como mostram dois importantes levantamentos do IBGE e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – o último lançou a plataforma CNCFLora, onde podemos acompanhar novas descobertas – divulgados nos últimos meses. De acordo com o primeiro, entre 2014 e 2022, a porcentagem de espécies ameaçadas aumentou 57,3%, passando de 2.039 para 3.207. Os estudos também mostram que estamos concentrando atenção e esforços na Amazônia, enquanto negligenciamos três biomas igualmente importantes: segundo o IBGE, os que hoje têm mais plantas e árvores em perigo são a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga.
A primeira é justamente o berço do pau-brasil. Quando os portugueses chegaram aqui, a árvore cobria uma área que ia do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte. A destruição da Mata Atlântica vinha decaindo, mas voltou a aumentar nos últimos quatro anos. O IBGE, seguindo os critérios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), chegou aos seguintes números: o bioma tem hoje 457 espécies consideradas criticamente em perigo, 1.231 em perigo, 423 vulneráveis e 337 quase ameaçadas. E a situação ainda pode piorar: em 24 de maio, a Câmara aprovou a Medida Provisória 1150, de autoria do ex-presidente Jair Bolsonaro, que alterava a Lei da Mata Atlântica. No Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, Lula vetou trechos que enfraqueciam o combate ao desmatamento, mas ela voltará ao Congresso para nova votação.
O Cerrado está ferrado. Há anos sua taxa de desmatamento, causado, sobretudo, pela monocultura da soja, é maior que o da Amazônia; para o seu azar, ele é vizinho de porta do bioma mais famoso, que atrai todos os olhares, com suas árvores que podem chegar a 80 metros de altura. Apesar de bem menos exuberante, por se tratar de uma savana, a importância do Cerrado é vital, pois é a nossa principal caixa d’água: oito das 12 maiores bacias hidrográficas do país nascem lá. É como uma floresta de cabeça para baixo; as raízes são bem maiores do que os troncos e copas. E é justamente por causa dessa característica que ele estoca tanta água. E, entre as 169 plantas criticamente em perigo no Cerrado, está a brasiliana. Definitivamente, desmatadores não gostam do Brasil.
O grande Alceu Valença pode ficar sem “o beijo travoso de umbu-cajá” de sua “morena tropicana”. Faça isso, não, seu moço. A árvore frutífera é uma das 146 espécies em perigo da Caatinga, segundo o relatório do Jardim Botânico/ CNCFLora. O bioma é o único que só existe no Brasil, mas é tratado desde sempre como o seu patinho feio. Entretanto, sua aparente aridez esconde uma biodiversidade espantosa. Além do umbu-cajá, podem sumir a aroeira do sertão e a baraúna. Essas plantas são verdadeiros condomínios: elas fornecem comida e abrigo para répteis, aves, mamíferos e insetos, e suas flores fazem a festa das abelhas, fundamentais para a reprodução de outras espécies vegetais. São acolhedoras como as casas nordestinas.
Até agora, o CNCFLora identificou 683 plantas criticamente em perigo. Se a Terra é um grande organismo, seus biomas são suas células e, as plantas, organelas (aparelhos de golgi, mitocôndrias, lisossomas, ribossomas etc.), cada qual com sua função. O desaparecimento de uma única espécie pode desencadear uma reação em cadeia capaz de desequilibrar ecossistemas inteiros. A lógica da natureza funciona assim: cada um no seu quadrado. Se temos mesmo o cérebro mais desenvolvido do planeta, nossa função deveria ser cuidar para manter esse equilíbrio em ordem. Sejamos seus jardineiros.
Saiba mais:
Jardim Botânico mapeia plantas ameaçadas em biomas do Brasil
CNCFLora
Caatinga tem mais de 400 espécies ameaçadas de extinção, diz estudo do IBGE
Caatinga: flora e fauna ameaçadas de extinção
De lobo-guará a pau-brasil, mata atlântica tem 2.845 espécies ameaçadas de extinção
IBGE atualiza estatísticas das espécies ameaçadas de extinção nos biomas brasileiros
Mata Atlântica tem maior número de espécies ameaçadas, diz pesquisa
Tabela do IBGE de espécies ameaçadas da Mata Atlântica
Lula veta ataques à Lei da Mata Atlântica
Mata Atlântica concentra 24% das espécies ameaçadas no Brasil
Uma em cada 4 espécies da mata atlântica corre risco de extinção, diz IBGE
Expedição encontra três plantas ameaçadas de extinção, uma delas pela primeira vez desde 1995
IBGE atualiza estatísticas das espécies ameaçadas de extinção nos biomas brasileiros
junho 2023 | Uncategorized
No Supremo Tribunal Federal, o julgamento do “marco temporal”, tese jurídica que dificulta a demarcação de terras indígenas, aguarda a decisão dos ministros.
Já o Projeto de Lei 490, que foi aprovado na marra pela Câmara, muda as regras para demarcações. Juntos, Congresso e STF podem escancarar a porteira para o agronegócio, a mineração e empreendimentos como a Ferrogrão, que vai devastar 2.000 km² de florestas, atingindo importantes unidades de conservação e territórios de povos originários, que sequer terão direito a consulta.
Por Eliane Xunakalo
Apesar dos bons ventos que sopraram do novo governo, há indícios que tempestades podem surgir no horizonte indígena. No Supremo Tribunal Federal, o julgamento do “marco temporal”, tese jurídica que dificulta a demarcação de nossas terras, aguarda a decisão dos ministros. Mesma situação da Ferrogrão, ferrovia que vai impactar pelo menos 11 terras indígenas, parques e florestas nacionais ao longo de 933 km para ligar o Centro-Oeste aos portos do Arco Norte, paralisada pela Justiça desde 2021.
Em outra esfera, o Projeto de Lei 490, que muda as regras para demarcações e escancara a porteira para o agronegócio, obras e exploração de minérios, petróleo e gás foi aprovado na marra pela Câmara; isso em meio à ameaça do enfraquecimento dos Ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Ferrogrão é o nome popular da estrada de ferro EF-170, mas nós a chamamos de “nova Belo Monte”. Depois do desastre que a usina provocou no Xingu, fazendo sumir os peixes e surgir a fome de quem dependia do rio para viver, a comparação faz todo sentido: mesmo com estudos que alertam para a inviabilidade econômica e os impactos socioambientais da ferrovia, o projeto segue a todo vapor.
Além de reduzir em 8,62 km² o Parque Nacional do Jamanxim, a Ferrogrão ainda afetará outras duas Florestas Nacionais, quatro territórios dos povos Munduruku, Kayapó e Panará no Pará e, pelo menos, sete terras indígenas em Mato Grosso, onde vivem 28 povos. Mais de 2.000 km² de floresta serão devastados.
Nosso motivo para lutarmos contra iniciativas como essa é a garantia de um futuro melhor. A palavra usada para justificar tais violações é “desenvolvimento”. Eu piso no chão das aldeias, mas também no das cidades. E o que eu vejo é desigualdade e precariedade de serviços públicos. Então, eu pergunto: desenvolvimento para quem?
O dossiê “Os invasores”, elaborado pelo De Olho nos Ruralistas, identifica 42 políticos e familiares com fazendas sobrepostas a 960 terras indígenas. A nossa luta coletiva é garantida por marcos legais que datam desde o fim do século 17, quando o Brasil ainda era colônia. A Constituição de 1988 ampliou a proteção a nossos direitos. Mas, passados 35 anos, a demarcação de todos os nossos territórios, que deveria ter sido concluída até 1993, é realidade distante.
Diante de tantos ataques nas mais diversas frentes, não nos resta outra opção que não seja reunir aliados para fortalecer uma estratégia que pomos em prática todos os dias, há 523 anos: resistir. Nós somos a terra e, por isso, quando lutamos por ela, lutamos por nós. A luta pela alma dos rios, pelas raízes das árvores e pela riqueza dos biomas não é só nossa: é de todos os brasileiros; de todos que dependem da água e do oxigênio que a floresta produz. Vamos seguir em frente, mesmo com a ventania contra nós.
*Eliane Xunakalo é indígena do povo Bakairi e presidenta da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT).
junho 2023 | Cultura Popular, Mulheres, Povos Tradicionais, Quilombolas
Dandara não foi só a mulher de Zumbi, mas também uma grande guerreira, exímia capoeirista, que lutava ao lado dos homens de Palmares e que preferiu se jogar de um precipício a se entregar; e coube a Tereza de Benguela liderar o povo do Quilombo do Quariterê – que acolhia negros e indígenas – quando seu marido, José Piolho, foi morto. Mas essas duas heroínas não são exceções que confirmam uma regra. Na verdade, as mulheres sempre se destacaram – e ainda se destacam – na luta quilombola. Se nem todos sabem é porque, além de racista, o Brasil é um país machista.
Esta semana, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) realiza, em Brasília, o II Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas: Resistir para Existir, que terá a luta pelos territórios como um dos pilares dos debates, que reúnem mulheres de todo o país. E não à toa: muitas dessas comunidades quilombolas nasceram como matriarcados. Um exemplo pode ser encontrado bem pertinho da capital federal, o Quilombo de Mesquita. Sua origem remonta ao século 18, quando bandeirantes, em busca de ouro, fundaram a Vila Santa Luzia, em 1746. Quando o vil metal começou a escassear, um tal capitão Paulo Mesquita deu no pé e doou sua fazenda a três mulheres negras alforriadas.
E é aí que o Brasil cabra-macho mostra a sua cara: os nomes das fundadoras se perderam na História. Sabe-se somente que deram origem às famílias Lisboa da Costa, Pereira Braga e Teixeira Magalhães, herdeiras de Mesquita, que ganhou sua certificação de território remanescente quilombola da Fundação Cultural Palmares apenas em 2016. Só que, antes, perdeu boa parte de sua área. Os quilombolas levavam seus bois para pastar onde hoje fica a Esplanada dos Ministérios; e, assim como foi a mão de obra negra que carregou esse país nas costas por mais de 300 anos, ela também ajudou a erguer sua nova capital.
Foram moradores de Mesquita que, por exemplo, construíram o chamado Catetinho, feito especialmente para que Juscelino Kubitschek visse as obras de perto. A comida do presidente bossa nova e dos candangos saía de suas plantações e cozinhas, e eles também construíram a primeira hidrelétrica de Brasília, Saia Velha, em 1958. É claro que este trabalho nunca teve o reconhecimento merecido. Ao contrário, continuam a comer sua comunidade pelas bordas. O olho do homem branco é grande e a especulação imobiliária avança sobre Mesquita, para construírem condomínios de luxo. Ironicamente, dois desses olhos grandes são de um ex-presidente, José Sarney, sócio da empresa Divitex Pericumã.
O primeiro encontro nacional dessas guerreiras aconteceu em 2012 e, no ano seguinte, foi criado o Coletivo de Mulheres Quilombolas da CONAQ. Assim como aconteceu no movimento indígena, a força feminina tem sido fundamental nos avanços conquistados pelos quilombolas. Este ano, o evento terá como principal objetivo justamente fortalecer a luta pelos direitos da população quilombola no país, para que abusos e ameaças que a população de Mesquita vem sofrendo ao longo dos séculos virem, definitivamente, coisa do passado. Vivemos um momento em que os quilombolas estão presentes no Executivo, ocupando cargos em ministérios. Mas ainda há muito a ser feito.
A começar pela regularização fundiária: menos de 5% dos quilombos do país são titulados. Segundo um levantamento da ONG Terra de Direitos, caso seja mantida a velocidade atual de regularização de quilombos, só daqui a 2.188 anos os 1.802 processos em andamento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) serão concluídos. E, além da questão territorial, há outra, essa de vida ou de morte. Segundo o Atlas da Violência, numa edição especial de 2019 sobre a mulher, 66% das vítimas de feminicídios no Brasil eram negras. Elas são maioria quando se trata de brutalidade e minoria quando se fala de representatividade nos espaços de poder e decisão política.
Não basta reconhecer que a luta das mulheres quilombolas é justa e urgente, dado que é óbvio. Precisamos todos nos juntar a elas, independentemente do gênero ou da cor da pele. Além das razões humanitárias, que deveriam bastar, é uma questão que diz respeito ao nosso futuro. Atualmente, há 148 quilombos titulados Amazônia Legal, onde vivem 11.754 famílias. O desmatamento é seu vizinho próximo, mas nunca entrou neles nos últimos 13 anos. Façamos como Dandara: vamos dar um rabo de arraia na opressão.
Saiba mais:
Brasília: a capital que, há 63 anos, afastou um quilombo para existir
No atual ritmo, Brasil levará 2.188 anos para titular todos os territórios quilombolas com processos no Incra
Quilombolas formam escudos de preservação da floresta na Amazônia Legal
MEC cria Comissão Nacional de Educação Escolar Quilombola e escolhe a CONAQ para indicar representantes
Lugares de memória do Quilombo Mesquita
A história do quilombo que ajudou a erguer Brasília – e teme perder terras para condomínios de luxo
junho 2023 | Uncategorized
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